Todos os dias, desde a alegre e ensolarada manhã de seis de
novembro passado, ou faço a pergunta, indagando a nada e a ninguém em
particular, apenas pensando: será que um dia vou voltar a correr?
No dia nove de novembro de 2016, o ortopedista/maratonista que
examinou o laudo de minha ressonância magnética afirmou que a recuperação
levaria cerca de dois meses. É o tempo médio para que o corpo possa consertar
fratura por estresse como a que acometeu aponta esquerda de meu fêmur esquerdo.
Doía muito, mais ainda porque tinha de parar de correr e
talvez abandonar meu projeto de correrias aos sessenta anos.
Deu para caminhar. Minha jornada começou no dia 14 de
novembro, tentando fechar 600 quilômetros no dia 14 de fevereiro próximo,
quando completo 60 anos.
Já caminhei 243,15 quilômetros. E hoje volto ao médico para
novo exame. Em tese, ele deve me liberar para começar a dar alguns trotes e,
aos poucos, aumentar o volume de corrida. Tenho medo deste “em tese”: ao longo
dos últimos meses, tive dores de vez em quando, ainda que diferentes daquela
maldita pontada que me levou a mancar pelas ruas de São Paulo. O que faço se a
proibição continuar?
As caminhadas são bons momentos de reflexão; algumas, até de
alegria. Ao longo dos últimos 15 dias, estive afastado do mundo internético,
deixei de atualizar meus números e mapas, mas não deixei de caminhar nem de
construir mapas e processos e projetos com minhas passadas.
Com minha filha, desenhei no espaço urbano virtual um barco
fenício –ou foi assim que imaginamos aquela figura.
Eu inverti a figura original para que o desenho do barco ficasse mais claro, se é que ficou... |
São apenas traços pelo
chão, uma base, um mastro lá, outro aqui, uma baixadinha para a área dos remos,
outra para o setor de armazenamento de víveres –eis a embarcação construída em
pensamentos e desenhada com passos...
Em Porto Alegre, me embrenhei por ruelas cobertas de sombra
de árvores centenárias, em ambiente que nunca tinha desbravado. Foi como
reviver minha cidade, revê-la, redescobri-la de forma lenta, com passadas
suadas.
Cá em São Paulo, para onde finalmente volto, faço da
caminhada meio de transporte, vou a reuniões, ao cinema, à pizzaria e ao
mercado com minhas próprias pernas.
Sei que somos poucos, eu e outros sessentões ou quase
sessentões que praticamos algum tipo de atividade física. Para nosso bem-estar,
para nossa saúde, é preciso que a ideia se espalhe pelas ruas, praças,
avenidas, trilhas, academias e albergues: o velho –e a velha—também pode fazer
exercício.
Eu, neste momento, não posso correr. Mas posso caminhar, e
caminho.
Será que um dia vou voltar a correr?
Vamos ver.
ESCLARECIMENTO::: Era o que eu tinha para dizer neste
momento. Mas devo ainda outras explicações a quem acompanha minha trajetória,
já que deixei de fazer, nos últimos 15 dias e pouco, as atualizações diárias
que publicava aqui neste espaço.
E agora as coisas se complicaram, pois há dois projetos em
andamento.
O 600 quilômetros aos 60 anos começou em 14 de novembro e
vai até 14 de fevereiro; o desafio, como se sabe , é percorrer 600 quilômetros
nesse período, coisa que está cada vez mais difícil, especialmente se eu não
puder correr logo, imediatamente, já.
No dia 1º de janeiro de 2017, na entrada do Ano Novo,
começou o outro projeto, 60 MARATONAS AOS 60 ANOS (60M60A). O objetivo é
percorrer, ao longo do ano, até 31 de dezembro, distância equivalente à de
sessenta maratonas: 2.532 quilômetros.
Por conta disso, passo a fazer uma nova apresentação da
quilometragem do dia e dos acumulados. Acompanhe a seguir, confira se está
claro e, por favor, mande seus comentários e sugestões.
Vamo que vamo!!!
Percurso do dia 4 de janeiro de 2017
6,74 km em 1h16
Acumulado no projeto 600 aos 60
243,15 km em 51h06min14
Acumulado no projeto 60 M 60 A
19,94 km em 4h07min21
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