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5.3.17

Jornada em memória de Stálin percorre praças de São Paulo

Há sessenta e quatro anos, num cinco de março como hoje, morria Josef Stálin, nascido Iossif Vissariónovitch Djugashvili. Levava consigo a memória de algumas das mais gloriosas jornadas da história, o épico da construção do socialismo.
De lá para cá, a burguesia e os donos do poder, irmanados a revisionistas de todos os matizes, se juntaram num conúbio pustulento para reescrever a história e tentar apagar os feitos e a importância de Stálin para a construção de uma sociedade mais justa, humana e libertária.
De fato, a máquina de propaganda anticomunista que procurou transformar Stálin no antiCristo começou a se movimentar décadas antes, a partir dos anos 1920, como diz o historiador norte-americano Grover Furr, autor de “Khrushchov  Mentiu”.
“Desde o fim da década de 1920, Stálin tem sido o maior alvo do anticomunismo ideológico e acadêmico. Leon Trótsky atacava Stálin para justificar sua própria incapacidade de ganhar as massas trabalhadoras da União Soviética [URSS]. (...) As ideias de Trótsky tiveram (e ainda têm) uma grande influência sobre todos aqueles declaradamente capitalistas e anticomunistas. Os historiadores trotskistas são muito bem acolhidos pelos historiadores capitalistas”, disse Furr em entrevista ao jornal brasileiro “A Verdade” (clique AQUI para ler a entrevista completa).
Por maior que tenha sido o alcance da campanha –que foi imensamente bem sucedida, a ponto de muitos grupos comunistas se esfacelarem ideologicamente no mundo inteiro--, sua vitória está longe de ser completa.
Basta dizer que ainda hoje, a maior parte da população da Rússia se lembra de Stálin com carinho, respeito e admiração. É o que demonstra pesquisa divulgada há pouco mais de quinze dias e comentada pelo jornal norte-americano “Washington Post”.
Comunistas carregam cartaz com a figura de Stálin em marça realizada em maio de 2010

Nada menos que 46% dos russos apresentaram sentimentos positivos sobre Stálin na pesquisa realizada pelo instituto Levada de 23 a 27 de janeiro. Em contrapartida, a soma das referências negativas (medo, raiva, ódio) é de 21%.
É o maior índice de aprovação a Stálin desde que a pesquisa “Líderes da Rússia” começou a ser realizada, em 2001. O líder revolucionário fica atrás apenas de Putin, com índice positivo de 83%, e de Brejnev, que aparece quase empatado, com 47%.
De minha parte, tenho pensado muito em Stálin nos últimos tempos –e não apenas porque, durante o Carnaval, participei do Bloco Soviético. É que vejo na esquerda brasileira uma carência do espírito de unidade que foi uma das marcas do comandante soviético e que tanta falta faz na hora de enfrentar inimigos poderosos.
Foi por isso que decidi homenageá-lo em um de meus trajetos do percurso equivalente à distância de sessenta maratonas que pretendo realizar ao longo deste ano.
Mas como fazer um “caminho stalinista” em São Paulo? Até onde consegui pesquisar, não há ruas nem praças nem escolas que o tenham Stálin como patrono.
Resolvi então lembrar outras figuras que, como o líder soviético, foram heróis de seus povos e sempre colocaram os interesses do povo antes de quaisquer outros.
Assim, em nome de Stálin, revisitei duas praças “comunistas” de São Paulo.
A primeira fica em um das regiões mais silenciosas de São Paulo, segundo pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. O ponto menos barulhento da urbe foi a praça Rui Washington Pereira, que é vizinha do meu destino na caminhada, a praça Dolores Ibárruri.


Ícone da Guerra Civil Espanhola, Ibárruri conquistou com sua luta o apelido de “La Pasionaria”. É dela o grito de guerra antifascista: “Não Passarão!”
Pois os franquistas acabaram passando. Com apoio de Hitler e Mussolini, sob a inércia e a omissão dos Estados Unidos e de potências europeias tidas como democráticas, os golpistas saíram vitoriosos naquele momento.
Em fuga, La Pasionaria foi ter com Stálin, que acolheu na União Soviética a líder guerreira.
Cá em São Paulo, ela é homenageada com um marco onde está pichado “Fora Temer” na praça que tem árvores frutíferas, trilha para caminhadas curtas, parquinho infantil e até um dos tantos córregos que cortam os subterrâneos de São Paulo.

Montada na encosta de um morro perto da Lapa, a praça é um convite para quem gosta de fazer exercícios de alta intensidade: subir correndo suas escadarias desafiadoras é uma das tantas possibilidades que o terreno oferece.
Nisso ela guarda semelhança como meu segundo e último destino do “percurso stalinista”: o parque Luís Carlos Prestes também se espraia em platôs acompanhando a topografia da colina em que foi desenhado, na região do Butantã (zona oeste de São Paulo).


Sua área de 27 mil metros quadrados está dividida em três andares, alcançados por escadas rústicas encravadas no próprio terreno.
No “térreo”, digamos assim, ficam as canchas para futebol de salão e, supostamente, basquete (as cestas há muito não estão mais casadas com seus postes de sustentação); também existem equipamentos para musculação casca-grossa, em que os pesos estão montados com blocos de cimento.
O andar seguinte é mais amplo e verdejante, com parquinho para a criançada e dois quiosques com churrasqueiras para congraçamentos familiares.
Menorzinho, o platô mais alto tem alguns bancos e equipamentos de exercícios para o povo da Terceira Idade, expressão usada para não nos chamar de velhos.
Não tem problema, é o que somos, velhos, está na lei. “Velho”, aliás, foi um dos apelidos que teve Luís Carlos Prestes na parte final de sua longa e profícua vida.


Líder militar, comandou uma das mais longas marchas revoltosas e revolucionários da história. Sua liderança e seu chamados aos sonhos foi eternizado na biografia escrita por Jorge Amado, que deu a Prestes o apelido definitivo: “Cavaleiro da Esperança”.
Tendo na mente a trajetória de figuras como essas, Prestes, La Pasionaria, Stálin, sigo no meu caminho, sonhando com um futuro em que os ideais de fraternidade, paz e justiça sejam enfim vitoriosos.
VAMO QUE VAMO!!!



Percurso de 04 de março de 2017
13,73 km percorridos em 2h16min53

Acumulado no projeto 60M60A

524,01 km percorridos em 97h12min22

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