Há sessenta e quatro anos, num cinco de março como
hoje, morria Josef Stálin, nascido Iossif Vissariónovitch Djugashvili. Levava
consigo a memória de algumas das mais gloriosas jornadas da história, o épico
da construção do socialismo.
De lá para cá, a burguesia e os donos do poder,
irmanados a revisionistas de todos os matizes, se juntaram num conúbio
pustulento para reescrever a história e tentar apagar os feitos e a importância
de Stálin para a construção de uma sociedade mais justa, humana e libertária.
De fato, a máquina de propaganda anticomunista que
procurou transformar Stálin no antiCristo começou a se movimentar décadas
antes, a partir dos anos 1920, como diz o historiador norte-americano Grover
Furr, autor de “Khrushchov Mentiu”.
“Desde o fim da década de 1920, Stálin tem sido o maior
alvo do anticomunismo ideológico e acadêmico. Leon Trótsky atacava Stálin para
justificar sua própria incapacidade de ganhar as massas trabalhadoras da União
Soviética [URSS]. (...) As ideias de Trótsky tiveram (e ainda têm) uma grande
influência sobre todos aqueles declaradamente capitalistas e anticomunistas. Os
historiadores trotskistas são muito bem acolhidos pelos historiadores
capitalistas”, disse Furr em entrevista ao jornal brasileiro “A Verdade”
(clique AQUI para ler a entrevista completa).
Por maior que tenha sido o alcance da campanha –que foi
imensamente bem sucedida, a ponto de muitos grupos comunistas se esfacelarem
ideologicamente no mundo inteiro--, sua vitória está longe de ser completa.
Basta dizer que ainda hoje, a maior parte da população
da Rússia se lembra de Stálin com carinho, respeito e admiração. É o que
demonstra pesquisa divulgada há pouco mais de quinze dias e comentada pelo jornal
norte-americano “Washington Post”.
Comunistas carregam cartaz com a figura de Stálin em marça realizada em maio de 2010 |
Nada menos que 46% dos russos apresentaram sentimentos
positivos sobre Stálin na pesquisa realizada pelo instituto Levada de 23 a 27
de janeiro. Em contrapartida, a soma das referências negativas (medo, raiva,
ódio) é de 21%.
É o maior índice de aprovação a Stálin desde que a
pesquisa “Líderes da Rússia” começou a ser realizada, em 2001. O líder
revolucionário fica atrás apenas de Putin, com índice positivo de 83%, e de
Brejnev, que aparece quase empatado, com 47%.
De minha parte, tenho pensado muito em Stálin nos
últimos tempos –e não apenas porque, durante o Carnaval, participei do Bloco
Soviético. É que vejo na esquerda brasileira uma carência do espírito de
unidade que foi uma das marcas do comandante soviético e que tanta falta faz na
hora de enfrentar inimigos poderosos.
Foi por isso que decidi homenageá-lo em um de
meus trajetos do percurso equivalente à distância de sessenta maratonas que
pretendo realizar ao longo deste ano.
Mas como fazer um “caminho stalinista” em São Paulo?
Até onde consegui pesquisar, não há ruas nem praças nem escolas que o tenham Stálin
como patrono.
Resolvi então lembrar outras figuras que, como o líder
soviético, foram heróis de seus povos e sempre colocaram os interesses do povo
antes de quaisquer outros.
Assim, em nome de Stálin, revisitei duas praças “comunistas”
de São Paulo.
A primeira fica em um das regiões mais silenciosas de
São Paulo, segundo pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo. O ponto menos barulhento da urbe foi a praça Rui Washington Pereira,
que é vizinha do meu destino na caminhada, a praça Dolores Ibárruri.
Ícone da Guerra Civil Espanhola, Ibárruri conquistou
com sua luta o apelido de “La Pasionaria”. É dela o grito de guerra
antifascista: “Não Passarão!”
Pois os franquistas acabaram passando. Com apoio de
Hitler e Mussolini, sob a inércia e a omissão dos Estados Unidos e de potências
europeias tidas como democráticas, os golpistas saíram vitoriosos naquele
momento.
Em fuga, La Pasionaria foi ter com Stálin, que acolheu
na União Soviética a líder guerreira.
Cá em São Paulo, ela é homenageada com um marco onde
está pichado “Fora Temer” na praça que tem árvores frutíferas, trilha para caminhadas curtas, parquinho infantil e até um dos
tantos córregos que cortam os subterrâneos de São Paulo.
Montada na encosta de um morro perto da Lapa, a praça é
um convite para quem gosta de fazer exercícios de alta intensidade: subir
correndo suas escadarias desafiadoras é uma das tantas possibilidades que o
terreno oferece.
Nisso ela guarda semelhança como meu segundo e último
destino do “percurso stalinista”: o parque Luís Carlos Prestes também se
espraia em platôs acompanhando a topografia da colina em que foi desenhado, na
região do Butantã (zona oeste de São Paulo).
Sua área de 27 mil metros quadrados está dividida em
três andares, alcançados por escadas rústicas encravadas no próprio terreno.
No “térreo”, digamos assim, ficam as canchas para futebol
de salão e, supostamente, basquete (as cestas há muito não estão mais casadas
com seus postes de sustentação); também existem equipamentos para musculação
casca-grossa, em que os pesos estão montados com blocos de cimento.
O andar seguinte é mais amplo e verdejante, com parquinho
para a criançada e dois quiosques com churrasqueiras para congraçamentos
familiares.
Menorzinho, o platô mais alto tem alguns bancos e equipamentos
de exercícios para o povo da Terceira Idade, expressão usada para não nos
chamar de velhos.
Não tem problema, é o que somos, velhos, está na lei. “Velho”,
aliás, foi um dos apelidos que teve Luís Carlos Prestes na parte final de sua
longa e profícua vida.
Líder militar, comandou uma das mais longas marchas
revoltosas e revolucionários da história. Sua liderança e seu chamados aos
sonhos foi eternizado na biografia escrita por Jorge Amado, que deu a Prestes o
apelido definitivo: “Cavaleiro da Esperança”.
Tendo na mente a trajetória de figuras como essas, Prestes,
La Pasionaria, Stálin, sigo no meu caminho, sonhando com um futuro em que os
ideais de fraternidade, paz e justiça sejam enfim vitoriosos.
VAMO QUE VAMO!!!
Percurso de 04 de março de 2017
13,73 km percorridos em 2h16min53
Acumulado no projeto 60M60A
524,01 km percorridos em 97h12min22
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