1.12.16

Visita ao Mercado da Lapa atrás do café da manhã do corredor

Meu desjejum de corredor hoje transformado em caminhante é simples, ainda que não frugal.
Antes dos treinos, como uma mistura de granola e aveia com banana amassada, bebendo apenas um canecão de chá sem açúcar.
A questão é que essa tal de granola já está me dando nos nervos. A relação de ingredientes está publicada na embalagem; muitos deles são vistos a olho nu. A gente nuca sabe, porém, como a mistureba foi feita: cozido com que óleo, frito, assado, foi açúcar ou adoçante mel ou melado, daqui ou dacolá.
Algumas são muito boas, agradam ao meu paladar; outras têm um travão desagradável. E os preços estão ficando também cada vez mais desagradáveis.
Vai daí que venho criando uma mistura que combina mais ou menos uma parte de granola tradicional –em geral, light—como quatro partes de aveia em flocos. Ainda deixo a granola para dar um gostinho diferente e para atiçar os dentes, tornar o conjunto um pouco crocante.
A cada dia que faço minha meleca, porém, fico menos satisfeito com essas coisas compradas prontas, ainda que apresentada como artesanais, naturebas e quejandos.
Hoje resolvi tomar uma atitude que alimenta: aproveitei a caminhada do dia para fazer uma visita ao Mercado Municipal da Lapa, também chamado Mercadão da Lapa, que tem por nome oficial Mercado Municipal Rinaldo Rivetti (antigo morador da Lapa que sempre lutou por melhorias no bairro).
Apesar de o Google indicar uma distância de cerca de cinco quilômetros, resolvi encarar, mesmo sabendo dos riscos –meu ortopedista recomenda que os trechos diários fiquem em torno de 3.500 metros, e eu estou tentando obedecer para manter vivo o sonho de chegar aos 600 quilômetros percorridos até o próximo dia 14 de fevereiro.
Inventei caminhos próprios, entrei por quebradas da Vila Romana e passei pela praça Diogo do Amaral,  onde fica a nascente do córrego Água Preta, um dos tantos que irrigam as entranhas da cidade.


Fiquei sabendo isso porque há um grupo de ativistas que percorre a cidade mapeando nascentes de rios e córregos hoje destruídos ou semidestruídos, enterrados, cheios de cimento e aço. Esse grupo, com que pretendo percorrer caminhos da cidade ao longo deste projeto, também faz a revitalização da nascente, cria um pequeno laguinho, que já tem até peixes.
É muito bacana, um sopro de vida e alegria no asfalto paulistano.
Cruzando por lá, segui para a Lapa até o imponente prédio do mercado, umas construção que, na sua época, teve arquitetura inovadora –provavelmente as limitações do terreno deram assas à imaginação do arquiteto, que projetou um prédio triangular.
Segundo o portal da Prefeitura de São Paulo, o mercado tem uma área construída de 4.840m². Quando da inauguração, só havia 40 boxes dos 160 planejados estavam prontos, a maior parte deles ocupados por comerciantes de um extinto mercadinho da Rua Clélia, quase todos imigrantes recém-chegados da Europa, principalmente da Itália.  
A inauguração foi em data trágica para o Brasil: 24 de agosto de 1954, dia do suicídio do presidente Getúlio Vargas. Por isso mesmo, pouco depois das cerimônias de abertura tratou de cerrar as portas para acompanhar o luto que cobriu a nação.
Hoje o mercado da Lapa é um mar de tentações para quem gosta de comer, beber ou simplesmente desfrutar de cores e aromas. É limpo, bem organizado e, se o cliente visitar o terreno fora dos horários de pico, até que dá para caminhar com conforto pelas alamedas entre os boxes.


 Na manhã de hoje, estava uma beleza.
Consegui me conter para não comprar tudo o que via: queijos, linguiças, embutidos vários, carne seca, bacalhau, peixes frescos, cernes, verduras, salgadinhos, doces, guloseimas sem fim. Fiquei quase louco, mas me contentei em a tudo comer com os olhos.
Estava em missão: comprar os ingredientes para eu mesmo produzir minha mistura de desjejum.
A ideia não era fazer granola em casa. Não.
A coisa é mais simples, ainda que mais movimentada. Não há receita. Sempre que eu fizer, será diferente, seja pela mudança de ingredientes seja pelo efeito da combinação das porções.
Simplesmente comprei um monte de coisa de que gosto ou que são saudáveis –pelo menos, supostamente—e juntei com aveia em flocos grossos e aveia em flocos bem finos, quase farinha, mas sem ser farinha.
Chegando em caso, iniciei a combinação dos ingredientes: chia, linhaça, quinoa, amendoim, bananinha desidrata, frutas desidratas, nozes picadas e por aí vai.
O teste fica para amanhã. Vai ficar bom, tenho certeza. Quem sabe esteja aí um filão para uma nova área de empreendimento?
Vamos a veire, como diria o portuga da esquina.
E nós?

Vamo que vamo!


600 aos 60 – etapa 17 – 2016 dez 01

4,81 km caminhados em 1h03min22

Quilometragem acumulada: 65,16 km

Tempo acumulado: 13h22min57

No comments:

Post a Comment