Até quando a gente pode correr, saltar, lançar, arremessar?
Com que idade ficamos velhos? Um bando de homens e mulheres está se
encarregando de desafiar ideias preconcebidas, disputando na cidade francesa de
Lyon o Mundial de atletismo para veteranos.
Dá uma inveja!!!
É sensacional acompanhar os resultados de pessoas que
já passaram dos 80, dos 90, dos 95. Não são mais crianças, não têm a força da
juventude, mas têm determinação inquebrantável e servem de exemplo para
qualquer um.
A delegação brasileira está tendo um desempenho
sensacional, que deveria servir de exemplo e iluminação para os dirigentes
esportivos de nossas modalidades olímpicas.
No quadro de medalhas, o Brasil aparece em 19 pódios
(pelo que vi, porém, está desatualizado e já há mais uma medalha
verde-amarela). O país contabiliza nada menos do que seis campeões mundiais.
Um deles é o meu amigo, entrevistado e perfilado em meu
livro “+Corrida” Frederico Fischer (foto Fernando Donasci).
Do alto de seus 98 anos, lançou o martelo a 16,62 m
para conquistar o ouro na categoria de maiores de 95 anos (M95). No arremesso
de disco, ficou em segundo, com 13,21 m (perdeu para um austríaco três anos mais
jovem).
Mas o que me impressiona mesmo em Fischer é a
inabalável decisão de continuar treinando corrida n as areais de Peruíbe. Faz “tiros”
de 50 metros, intercala com caminhada, começa tudo de novo, depois de alguns
alongamentos. Também realiza trabalhos de força.
Vale a pena: é o recordista mundial dos 100 m entre os
maiores de 90 anos (M90) e os maiores de 95 (M95). Neste mundial, conquistou a
prata na distância, que completou em 24s89, apenas um segundo e 39 centésimos
atrás do britânico que levou o ouro e tem dois anos a menos.
Não é à toa que Fischer diz: "Não é só bocha e truco que o idoso deve fazer. Tem é
que se movimentar mesmo. E outra: sentir cansaço. Não é começou a cansar e
parar. Tem de forçar um pouco mais".
Ele deu essa receita em
entrevista que me concedeu há seis anos e resultou em uma reportagem na Folha
que você pode ler clicando AQUI. A transcrição (quase) integral de nossa
conversa –e também de uma longa entrevista com outro veteraníssimo brasileiro,
o “seu” Toniquinho—você pode ler em meu blog, clicando AQUI –tem de rolar a
página até chegar ao texto desejado.
Ainda que Fischer seja talvez a estrela mais brilhante
da delegação verde-amarela, temos outros grandes atletas na turma dos superveteranos.
Recordista mundial nos 100 m e nos 200 m, categoria
maiores de 85 anos (M85), Yoshiyuki Shimizu conquistou neste Mundial o ouro nas
duas distâncias. Aos 87 anos, traz também o primeiro lugar no salto triplo!!
E uma senhora de 84 anos de mesmo sobrenome –esposa
dele, talvez, não consegui confirmar--, dona Mitsu Hotsumi Shimizu, traz o
bronze para o Brasil nos 100 m para mulheres de mais de 80 anos (W80).
Falando em mulheres dessa faixa etária, há que tirar o
chapéu para Margarida Hochstatter, que conquistou a prata nos 5.000 m, com impressionantes
31min30s99 (ainda que eu não seja parâmetro para nada, adianta que hoje não
consigo nem chegar perto disso)
Dona Margarida também foi prata nos 10.000 m, com
1h04min39s93. E ainda pegou um bronze na distância intermediário de 8.000 m
(prova não olímpica), com 55min16.
Nessa distância, aliás, outro brasileira também
brilhou: Marisa Cruz, 71, trouxe o bronze na categoria maiores de 70 (W70) –mesmo
posto que obteve nos 10.000 m, completados em 52min02s65!!!!
Volto à homarada para destacar os resultados do senhor Mamoru
Ussami, que representou o Brasil na categoria maiores de 90 anos: traz o ouro
nos 200 m e a prata nos 100 m.
Infelizmente, não dá para citar todo mundo. Mas prometo
que vou atrás de alguns desses nomes e de outros competidores brasileiros;
pretendo trazer várias entrevistas para você.
Enquanto isso, fique ligado no Mundial de veteranos (osite oficial está AQUI). Domingo, dia 16, será realizado o Mundial de maratona
para maiores de 35 anos, homens e mulheres.
Assim que tiver dados disponíveis, conto tudinho para
você.
Espero chegar lá com essa disposição toda. Chico Ozorio
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