A exemplo do que nos dizia a
personagem “Feiticeira” em um comercial de anos atrás, uma consultoria
especializada em análise de dados prevê quantas medalhas o Brasil vai ganhar
nos Jogos Olímpicos do Rio e afirma que não é magia, é tecnologia.
Segundo o modelo matemático
desenvolvido pela Marketdata, atletas brasileiros vão conquistar nada menos do
que 23 medalhas na Olimpíada brasileira, meia dúzia a mais do que o obtido nos
Jogos de Londres.
“A partir dos históricos de bancos de
dados, aplicamos técnicas estatísticas para prever ocorrências futuras”, diz
Karin Ayumi Tamura, superintendente da área de Analytics da Marketdata, em
comunicado distribuído à imprensa.
A fórmula adotada pela empresa se baseou principalmente na ponderação de três informações: quantidade média de medalhas
conquistadas no histórico, quantidade de países que competiram em cada
Olimpíada e quantidade de medalhas na Olimpíada anterior, caso o país tenha
sido sede.
A empresa também afirma
que o fato de sediar a Olimpíada leva o país a conseguir cerca de 73% a mais de
medalhas do que levaria se não fosse o anfitrião dos Jogos.
Bueno, esse dado fez levantar a pulga
atrás da orelha, como se diz. Claro que não entendo nadica de nada das
modelagens matemáticas citadas pela consultoria, mas fiquei com a dúvida: se,
de fato, é tão grande o peso de ser o país-sede e se o Brasil ganhou 17
medalhas em Londres-2102, no Rio o número não deveria ser 29 ou 30?
Independentemente disso, considero o
cálculo dos analistas de dados exageradamente otimista, especialmente quando
olho o meu querido território do atletismo e não veja nada nem ninguém. O país
tem grandes valores, por certo, e vários atletas dedicados, mas dizer hoje que
temos medalhista olímpico nas pistas e no campo me parece difícil.
De qualquer modo, fica o registro da
primeira futurologia olímpica que me chegou às mãos. Sonhar ou brincar com
dados não faz mal a ninguém. Depois a gente confere as previsões com a dura
face dos números na vida real.
Oi Lucena, tudo bem?
ReplyDeleteSou cientista de dados na Marketdata, da equipe da Karin, e participei da elaboração do modelo estatístico. Fiquei muito contente com a sua publicação e gostaria de aproveitar a oportunidade para detalhar um pouco mais de como a previsão foi realizada.
Usando dados de olimpíadas anteriores propusemos um modelo estatístico que estima “pesos” para cada uma dessas informações que você citou: “quantidade média de medalhas conquistadas no histórico, quantidade de países que competiram em cada Olimpíada e quantidade de medalhas na Olimpíada anterior, caso o país tenha sido sede“. Esses “pesos” são números que tentam quantificar a influência de cada uma dessas informações no número de medalhas que o Brasil irá ganhar no ano que vem. A interpretação dos 0,73 seria da seguinte forma: para cada medalha que o Brasil ganhou em 2012, dado que será sede em 2016, o Brasil ganhará 0,73 medalhas. Como o Brasil ganhou 17 medalhas em 2012, em 2016 ganhará mais 12 (0,73 x 17) medalhas. Nossa estimativa que se o país não fosse sede, ganharia apenas 11 medalhas. Mas como será sede totalizará 23 medalhas.