Neste momento, falta pouco para a minha primeira maratona
como aposentado, minha primeira corrida de 42.195 nos últimos dois anos. Daqui
a 12 horas, vou acordar, fazer o desjejum e partir para encontrar a linha de
largada em um ponto distante da região central de Anchorage, a maior cidade do
Alasca.
Cheguei aqui no início da quinta-feira, depois de uma longa
viagem de dois voos de mais de quatro horas cada um. O primeiro passou rápido,
mas o segundo foi um parto...
O que vale é que dava para se distrair vendo a paisagem e
aproveitando o que parecia ser um eterno pôr do sol.
Saímos de Salt Lake City
às 20h, horário local, chegando a Anchorage por volta da meia-noite, hora
local. Durante todo o tempo, o céu se manteve lindo, rajado de laranja,
vermelho e todas as cores no meio desse espectro , como mostra a foto feita
pela Eleonora.
Valia a pena olhar para o chão. De vez em quando, cadeias de
montanhas pareciam saltar do chão, como espinhaços de um enorme animal pré-histórico.
Algumas eram cobertas de verdes, em outras havia somente rochas.
Ah, a chegada a Salt Lake City também é estranhíssima, a
cidade é rodeada por áreas de mineração (acho eu), que deixam o terreno com um colorido
de solidão e deserto, um ocre desmaiado, um tanto assustador, parece filme
distópico...
Bueno, mas o que interessa é que chegamos enfim a Anchorage,
por volta da meia-noite, com dia claro. A cidade nos recepciona com luz e
flores –mais tarde, percebemos que há floreiras por tudo, sempre com muitas
cores e cheiros (abaixo, foto que fiz no
aeroporto de Anchorage por volta da meia-noite; perceba a luminosidade).
Tratamos de descansar o que foi possível e, lá pelo meio da
tarde, fomos para a feira da maratona buscar nossos números –a Eleonora vai
correr a prova de 4 milhas. Fica US$ 20 de táxi do nosso hotel, que é perto do
aeroporto. Isso significa que deve dar uns dez quilômetros de distância, no
mínimo.
Por aqui, as distâncias são enormes, parece que todo mundo
tem carro. Há um bom sistema de ônibus, que respeita seus horários com algum
grau de precisão, mas a enormes intervalos (do hotel para o centro há ônibus a
cada meia hora, do hotel para o Alaska Airlines Center, onde foi a feira, há
ônibus a cada hora).
Esse Alaska Airlines Center é o lar dos Seawolfes, o
time/clube da Universidade do Alasca –tem basquete, clube de atletismo e outras
modalidades. É um superginásio, com belas quadras para esportes e ótimas
poltronas; há um restaurante que se orgulha de seus pratos gourmet (mas eu
achei bonzinho apenas), lanchonetes e um enorme estacionamento.
A feira é modesta, poucos estandes, sendo a maioria deles de
ONGs ou instituições ligadas à saúde; há algumas promoções, mas nada que tenha
me entusiasmado. Em contrapartida, não havia fila quando chegamos nem nenhuma
burocracia para pegar o número, bastou dizermos nossos nomes...
Não é de surpreender, pois se trata de um evento bem
pequeno, ainda que seja a principal maratona do estado. São cerca de 4.000
participantes no total, sendo um quarto disso para a maratona.
Eu serei um deles. Há três dias, fiz minha última corrida
pré-maratona, rodando no Prospect Park, em Nova York (foto abaixo).
Eu me senti bem, acho que estou em condições de enfrentar a distância e chegar bem até o fim, talvez em seis horas, talvez em mais, dificilmente em menos. Vamos ver.
Eu me senti bem, acho que estou em condições de enfrentar a distância e chegar bem até o fim, talvez em seis horas, talvez em mais, dificilmente em menos. Vamos ver.
Volta e meia eu volto para o assunto da corrida e de como
imagino que vou me sair; é porque isso não sai da minha cabeça. Apesar da minha
experiência, é realmente como se estivesse fazendo agora minha primeira
maratona, fico tenso e emocionado (no voo, assisti a um filme sobre corrida e
chorei o tempo todo...).
Talvez se eu retomar o fio da história e contar mais um
pouco sobre a cidade de Anchorage eu me acalme.
Vou falar muito sobre ela nos próximo textos. Por enquanto,
fique com minhas primeiras observações.
Como disse, é uma cidade enorme,
espalhada, com largas avenidas para tudo quanto é lado e muitos espaços vazios,
campos, áreas com matagal, lagos...
Para o turista caminhante, não há nada muito interessante, especialmente para quem não quer fazer longas caminhadas nesse momento. Peguei o carro que faz um tour pela cidade, uma jardineira, e foi até bacaninha.
Há um museu que dizem ser muito bacana, vou visitar mais tarde; pelas ruas, esculturas fazem homenagem aos primeiros exploradores da região e também ao maior amigo do homem, o malamute do Alasca que é um parceirão mesmo quando o frio parece ser mortal.
A corrida vai sair dos limites da cidade, passar por
trilhas, chegar ao sopé de montanhas, vai ser desafiadora e quente, muito
quente –hoje passamos dos 20 graus por aqui... Mas, na crista das montanhas, ainda sobrevivem restos de neve...
Acho melhor parar por aqui,pois daqui pouco volto aos meus
medos e inseguranças e tensões sobre a corrida. Eles vão ficar comigo até a
hora da largada. Depois é mais tarde.
Vamo que vamo!!!
Entendo perfeitamente essa sua ansiedade pré maratona, Rodolfo.
ReplyDeleteMês passado, depois de 5 anos, voltei a fazer uma prova de 42km e senti-me assim: insegura, ansiosa, cheia de dúvidas se conseguiria. Tanto, que até problemas intestinais eu tive!
Mas deu tudo certíssimo!
E com você será assim também, tenho certeza.
Boa prova.
Lia Campos
Lucena, gosto dos seus textos. Tô sempre na cola deles. Boa corrida. Chico Ozorio
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