19.10.15

Chorando de soluçar, mineira vira melhor brasileira em Chicago

Para completar nossa cobertura da maratona de Chicago, trago hoje para você a história da melhor brasileira na Cidade do Vento. É uma mineira/paulista –nasceu em Minas, mas nunca morou lá, vive, trabalha e corre no calorzão de Ribeirão Preto.

Estou falando de NAIARA FARIA XAVIER, 39, oftalmogista por profissão e corredora por adoção. Como muitos de nós, ela começou a correr para manter o peso e ficar bem de saúde, mas não era muito rigorosa nos treinos. Quando resolveu fazer uma maratona, porém, a coisa mudou... A partir de agora, ela mesma conta sua história, que já tem um momento de campeã.



“Comecei a treinar para minha primeira e supostamente única maratona no final de 2010, quando me inscrevi para a prova de Berlim, que faria no ano seguinte. Até então mantinha uma rotina bem irregular de corrida e hábitos alimentares péssimos, isso para colocar as coisas de forma delicada...

Procurei a Gabriela Motta, nutricionista, e mudamos absolutamente tudo. Para minha feliz surpresa, foi bem fácil seguir e gostar da nova alimentação.

Passei a treinar de forma regular e fechei Berlim, em 2011, feliz da vida com 3h28. E aí começaram os “problemas”: meu resultado dava índice pra Boston 2013, então "bora" manter os treinos e alimentação adequados até lá e encaixar uma prova em 2012.

Escolhi a maratona de Porto Alegre, em que fui ainda mais rápida do que em minha estreia em Berlim. Comecei a gostar dessa história de melhorar os tempos.

Em 2013 passei a treinar com o Rodrigo Inouye, e os resultados foram ainda mais expressivos. Nesse ano de 2015, enfim, passei a considerar fortemente que seria possível completar uma maratona em menos de três horas.

Me inscrevi para Porto Alegre e Chicago. Na primeira, quebrei após o km 35 e fechei com 3h03. Tirei um mês para "pé na jaca total" e voltei a sonhar com o sub3.

Fiquei mais espartana com a dieta que a Gabi bolou e consegui "secar" bem. Me desdobrei pra encaixar todos os treinos de fortalecimento e de corrida que o Rodrigo passou e fui pra Chicago superconfiante.

Meu marido não poderia me acompanhar, então viajei com uma amiga que também correria, minha irmã mais velha e meu pai.

A cidade é impressionante! Linda, arborizada, cheia de flores, impecavelmente limpa. O rio e lago maravilhosos. As pessoas supereducadas e prestativas. Já estava deslumbrada.

A prova foi a cereja do bolo da viagem: organização perfeita desde a feira até a festa pós-prova. Doze mil voluntários sorrindo e trabalhando incansavelmente pra tornar tudo excepcional.

Como eles oferecem marcadores de ritmo para vários tempos, inclusive para completar em três horas, decidi me ajeitar com esse grupo pra evitar o vento e aproveitar o ritmo.

Ledo engano: não é possível evitar o vento em Chicago! Consigui acompanha-los até o km 41, e ali já tinha certeza que o sub3 era garantido.

Eis porém que surge uma subidinha, danada de maldosa, bem no finzinho. Resultado: 3h00min07. Demorei uns 20 minutos para cair a ficha e aí chorei, chorei e chorei mais um pouco...

Pode parecer meio ridículo, mas, para mim, naqueles instantes soava bem razoável chorar de soluçar! 

Me acalmei, fui encontrar minha família e esperar a grande amiga Fernanda terminar.
Eles já sabiam o resultado pois meu marido foi mandando mensagens de texto o tempo todo para atualizá-los. E avisou: “ela vai chegar bem tristinha”.

Na verdade, eu já estava ficando feliz por ter feito uma prova bem redondinha e ter melhorado o tempo em três minutos.

Todos já reunidos, fomos comer e comemorar. Horas mais tarde, recebi uma mensagem me contando que eu tinha sido a melhor brasileira!

Pensa numa criança feliz... Eu não acreditava... Ainda mais lindo foi ver o orgulho do meu pai. 

Minha irmã avisou pra cada ser vivo que encontrou que a irmã dela tinha sido a melhor brasileira em Chicago. Realização pra lá de completa. Incrível como família e amigos conseguem melhorar TUDO!

Quanto ao sub3, quem sabe mais pra frente? Agora esses oito segundos já não me parecem tão ruins assim..."

1 comment:

  1. ... que orgulho!!! Minha irmã virou a melhor brasileira em Chicago !!!!

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