Hoje, pela primeira vez em mais de 45 dias, fui capaz de
amarrar os cadarços de meu tênis sem ajuda de terceiros. Para segurar o cordão
esquerdo, usei o polegar, o dedo médio e o anular; o indicador continua sonso,
durão, inútil –espero, porém, que um dia ele volte a funcionar.
Desde a tarde da última quarta-feira, dia 11, recebi licença
para ficar algumas horas por dia sem a proteção para meu dedo cortado, operado,
cicatrizado e hoje em processo de recuperação –lento, gradual e nem um pouco
seguro (o tendão cortado e suturado pode nunca voltar a ser o mesmo...).
Foi uma grande alegria. Afinal, já houve momento, durante
essa retomada nos movimentos do dedo indicador esquerdo, em que pensei que iria
tudo para o ralo, a cicatriz iria infeccionar, fazer um estrago danado (foto).
Mas tudo andou bem, ainda que mais lentamente do que eu
gostaria e exigindo mais cuidados ainda.
Correr com a tala não é impossível nem sequer difícil, mas
acho que me deixava um pouco vergado para o lado esquerdo, por mais que eu
cuidasse para correr de forma equilibrada.
Uma dessas corridas, por exemplo,
teve de ser interrompida antes de o treino chegar ao final porque fui atingido
por uma dor superaguda. O jeito foi caminhar, abortar o treino e deixar para depois.
Agora, porém, o que importa é o dedo. Cortado, suturado e
entalado, nem ele nem a mão esquerda me foram de muita serventia desde o dia 30
de dezembro do ano passado, quando se deu o maldito e vergonhoso acidente.
Aprendi a “dar tope” nos cadarços de meus calçados quando
estava no Jardim de Infância, talvez até um pouco antes, da forma deselegante e
desastrada, imprecisa, que caracteriza a obra de crianças ainda sem completo
controle de suas habilidades motoras. Pois nem isso pude fazer nos últimos
dias.
Por isso, usei apenas chinelos e sandálias em que pudesse
enfiar os pés; para correr, porém, os tênis são necessários, e foi inescapável
a necessidade de pedir ajuda.
Agora, não, posso fazer por mim mesmo, ganhar o prazer de
mais essa pequena independência.
Tive outras alegrias, desde quarta-feira. Naquele dia, por
exemplo, pela primeira vez no ano, pude lavar as mãos esfregando uma na
outra... Passar xampu nos cabelos usando as duas mãos para esfregar a cabeça...
Hoje, fui capaz de colocar o relógio no pulso esquerdo,
fechar a pulseira, acionar o equipamento, travá-lo, desligá-lo, abrir a
pulseira... E escrevo este texto usando
as duas mãos. Que maravilha.
A corrida é que não foi lá essas coisas. Para variar, ando
assombrado por pequenas dores, resultado de anos e anos e de incúria posicional
e má postura ao longo do dia (quem sabe, da noite também). Assim, corro
devagar, ajeito o corpo como posso e vou em frente.
Quando dá vontade de
desistir, paro um pouco e desisto de desistir, que é muito melhor para minha
cabeça, ainda que possa fazer meu corpo sofrer um pouquinho.
Dei uma parada no meio do caminho para uma água e coro, e
segui direto e reto, completando meus cinco blocos de 1.100 m correndo e 400
caminhando. No total, 7.500 m, mais uns tantos antes e depois, deu talvez uns
nove. Está bom por hoje.
O trajeto foi o indicado no mapa acima, saindo do quarteirão
das flores, em frente ao cemitério do Araçá, e terminando bem na entrada do
metrô Vila Mariana.
Ah, você é novo por aqui e não sabe exatamente o que
aconteceu com o meu dedo. Pois nem te conto, meu amigo, minha amiga. Foi um
furdúncio...
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sanguinolentas e imagens inspiradoras (ou não, sei lá).
Beijo para quem é de beijo, abraço para quem é de abraço.
Vamo que vamo!
legal!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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