18.1.16

Fisioterapeuta contesta “consenso do saber” e dá dicas sobre postura de corrida

Rola pelas redes sociais uma reportagem publicada pela edição espanhola da revista “Runner`s World” para mulheres em que são oferecidas dicas sobre postura de corrida.

A reportagem tem uma ilustração muito bacaninha que mostra uma moça na suposta posição ideal de corrida.

A ilustração é acompanhada de pequenos textos que explicam e orientam sobre como devem ficar as diversas partes do corpo envolvidas no movimento (claro que o corpo todo está se movimentando, mas alguns membros são destacados).

Quando esse material chegou até mim achei tudo muito bacana, como disse no início. Numa primeira olhada, parecia consolidar o que costumeiramente se lê a respeito de corrida, da postura no movimento, do “gesto ideal” de corrida.

Comprime em uma ilustração o que se poderia chamar de “consenso do saber” sobre o corredor em ação. A ilustração é esta que publico a seguir.



Bom, mas sempre fui muito desconfiado de consensos e de saberes absolutos. Para ser jornalista, há que ser cético e desconfiado. E lembrar que há muitas opiniões sobre cada assunto.

Vai daí que resolvi fazer uma breve consulta a uma fisioterapeuta que já dedica décadas de trabalho  e pesquisa ao estudo do movimento. Trata-se de Marcelo Semiatzh, um dos fundadores da clínica Força Dinâmica (outro dos envolvidos é o meu treinador, Alexandre Blass).

Não foi uma entrevista, apenas uma consulta por meio de redes sociais. O Marcelo está fazendo doutorado e não tem tempo para nada. Mesmo assim, mando uma breve resposta que pode instigar em cada um de nós novas perguntas, questionamentos sobre o que faz, como corre, como se movimenta.

Mostrando a ilustração, perguntei a ele se 
considerava corretas aquelas dicas. Eis a resposta.

“Não está correto”, disse Marcelo (foto). E explicou: “Correr é um ato de fazer força e não de relaxar, portanto o corpo deve estar coordenado para aplicar e transmitir força. Não se deve pensar somente em corrigir a posição das partes do corpo, mas corrigir a força que essas partes aplicam”.

Esse me parece um raciocínio muito legal. A gente esquece da vida quando corre, relaxa em relação ao estresse do dia a dia, voa pelo pensamento, viaja na maionese. Mas correr é um ato de fazer força.

Sobre a postura, Marcelo pode falar horas. Mas, analisando a ilustração, fez algumas breves frases que podem ajudar cada um de nós a pensar sobre o que faz. Eis o que ele afirma:

“A cabeça, apesar de olhando para frente, apresenta leve rotação no plano horizontal. Os ombros não devem ficar, mas sim fazer força para baixo, o que ajuda a ação dos músculos abdominais na corrida.”

Ele segue fazendo considerações sobre ombros e movimentos dos braços. O texto está meio complicado: “O ombro relaxado pode atrapalhar se o braço que está indo para trás colaborar impulsionando o tórax para trás, aumentando a carga de inércia do tórax, impedindo que o tronco esteja a frente”.

Sobre as mãos, que também não ficam relaxadas: “Podem estar abertas ou fechadas, mas sempre impulsionando o corpo à frente”.

Quanto às pernocas propriamente ditas, Marcelo dá a seguinte orientação:

“A ênfase deve ser na extensão da perna de trás, com quadril, joelhos e pé em extensão trabalhando o impulso horizontalmente do corpo. A perna da frente deve ter boa flexão e com joelho bem levantado. A flexão do membro da frente com a extensão do membro de trás devem ser bastante treinados.”

Sei, sei, sei, cada frase dessas vale uma dissertação de mestrado. Não chegaremos a tanto, mas vou tentar conseguir espaço na agenda do Marcelo para obter mais explicações sobre as teorias da Força Dinâmica sobre a postura da corrida.

Fique com a gente que vem mais por aí.

Vamo que vamo!


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