29.5.15

Ainda dá tempo para se vacinar contra a gripe, tudo 0800

A campanha de vacinação contra a gripe foi prorrogada e, agora, vai até dia 5 de junho (domingo). A turma dos veteranos, maiores de 60 anos, é um dos alvos do trabalho que, neste ano, tem como slogam “Contra a Gripe seu escudo é a vacinação”.

A vacina previne contra  três subtipos do vírus de gripe, que são A/H1N1, A/H3N2 e a influenza B.

Nadja de Souza Pereira, nutricionista da Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos (ASBP), alerta que  é importante se vacinar todos os anos, pois o vírus sofre mutação constantemente.

“A vacinação é um dos métodos mais seguros de se prevenir o contagio da Influenza. Por meio dela, o paciente evita o desenvolvimento de pneumonias, tuberculoses, que são os tipos mais graves da doença”, diz ela.

Explica também que "é importante se proteger nesta época, antes da chegada do inverno, pois o organismo leva em média de duas a três semanas para criar a imunidade contra o vírus”.

A vacinação pode ter efeitos colaterais, como febre, mal estar, dor no corpo e dor no local da aplicação. A imunização é contraindicada para pessoas que já tiveram reações em doses anteriores ou para aqueles que têm alergia a ovo.

A gripe é um tipo de infecção respiratória causada pelo vírus Influenza e transmitida facilmente através do ar por meio de contato com secreções, expelidas por pessoas contaminadas. A transmissão é possível também quando a mucosa entra em contato com objetos. Os sintomas característicos da doença incluem dor de garganta, dor no corpo, febre, além de tosse e dores no corpo.

A forma mais eficaz de prevenção é a vacina.

Medidas simples, que cada um pode tomar no seu dia a dia, também ajudam. Algumas delas: lavar as mãos várias vezes ao dia, cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir, além de não compartilhar objetos com pessoas contaminadas.

Vale também evitar os locais abafados e com muita gente. 

Quando utilizar transporte coletivo, como ônibus, manter sempre as janelas abertas para o ar circular, mesmo em dias frios. A circulação de ar faz com que diminua a transmissão do vírus.

A nutricionista da ASBP afirma que uma alimentação equilibrada e saudável pode contribuir para o aumento da imunidade, melhorando a defesa do organismo contra a contaminação do vírus da Influenza.

Ela recomenda o consumo diário de frutas e verduras frescas, ricas em vitamina C (laranja, acerola, couve), alimentos fontes de ácido graxo ômega-3 (sardinha fresca, salmão, atum) e gengibre, por possuir excelente efeito antiviral.


Para saber mais sobre a campanha de vacinação, procure o posto de saúde mais perto de sua casa.

21.5.15

A primeira Biologia do resto de minha vida de aposentado

Hoje eu subi correndo a lomba da Biologia. Foi a primeira vez que fiz isso como aposentado, a primeira vez em mais de dois anos que tenho coragem, músculos, ossos e cabeça em condições de aguentar o tranco e fazer a escalada sem sofrer.

A lomba da Biologia é uma das grandes amigas dos maratonistas de São Paulo. Fica na Cidade Universitária, o sacrossanto terreno da USP (Universidade de São Paulo) e tem como nome oficial rua do Matão.

Em si, ela é mais comprida do que a lomba da Biologia, mas a parte que vale, mesmo, é a que vai da praça do Instituto Oceanográfico, na base da montanha, à praça Professor Alípio Correa Neto –o nome homenageia o mestre cirurgião que deu aulas e foi reitor da USP no século passado, quando também emprestou seus serviços médicos à Força Expedicionária Brasileira, atendendo aos pracinhas que lutaram na Segunda Guerra Mundial.

No total, dá uns mil metros, um pouco para mais, um pouco para menos, dependendo de onde você traça os pontos de partida e chegada. Esse quilômetro vai da pintura amarela no asfalto que dá orientação para o trânsito, na base, à faixa de pedestres no alto, na altura da tal já citada praça.



Ao longo desse quilômetro, a subida é de 35 metros –a altitude no topo é de 786 metros acima do nível do mar. Pouco antes do topo, há uma ponto de ônibus do lado esquerdo de quem sobe. Em frente a ele  fica o prédio da Biologia, como a gente chama de forma amistosa.

Trata-se, de fato, do Instituto de Biociências, que foi criado em 1969 com a Reforma Universitária. Segundo a página oficial da USP, “da sua constituição faziam parte os Departamentos de Biologia, Botânica, Fisiologia e Zoologia, estabelecidos em 1934 na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, e nela fundados quando da criação da Universidade de São Paulo.

O Instituto de Biociências recebeu, em 1970, não apenas os membros dos referidos departamentos, mas também professores de disciplinas afins de outras faculdades, especialmente os botânicos da antiga Faculdade de Farmácia e Bioquímica”.

Em 1976, foi criado “o Departamento de Ecologia Geral, reunindo os docentes do IB mais voltados aos estudos ecológicos. O atual Curso de Ciências Biológicas, oferecido pelo IB, teve sua origem no curso de História Natural da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Além de suas atividades didáticas, o Instituto tem uma longa tradição de pesquisa”.

Deve ser muito bom estudar lá. Eu adoro biologia, ainda que tenha estado muito distante dela; desde o segundo grau, para ser exato, já lá se vão 40 anos. Ainda que gostasse e fosse bom aluno, não conseguia gravar as coisas muito bem, tanto que, no vestibular, minha pior nota foi exatamente em biologia e química.

Na vida adulta, porém, a Biologia para mim é a tal da dita lomba. Ela é só para subir; ninguém (ou raros atletas) desce a lomba Biologia; a volta lá do alto é feita pela rua do Lago, mais conhecida como rua da Arquitetura, porque a descida termina em frente ao belo prédio da FAU.

Nos meus tempos de maratonista militante, quando fazia uma montanha de provas por ano –cheguei a correr nove maratonas e ultras em 11 meses--, vivia lá na USP. Meus treinos eram sempre de mais de 15 km (não raro, beeem mais), então dava para sair de casa, rodar por lá um pouco e pegar uma condução de volta.

Adorava subir a Biologia. Fiz treinos de 30 km com cinco subidas. Na preparação para minha primeira ultramaratona, em 2002, fiz quatro voltas de 10 km, cada uma completa com Biologia.

A Eleonora atuou como apoio naquele treino, que durou mais de cinco horas. Não ouvia música –nunca uso fones de ouvido nos treinos ou nas corridas--, mas cantei muito para mim mesmo naquele superlongão.

A música era uma que tinha aprendido nos ensaios de um coral em que participava na época –acho até que era o coral da Folha, que durou muito pouco tempo, mas deixou boas lembranças.

Era “Seduzir”, de Djavan; eu me engrolava com a maior parte da letra, mas repetia sem parar e sem me cansar a parte que diz: “Vou andar, vou voar, pra ver o mundo; nem que eu bebesse o mar encheria o que eu tenho de fundo”.

Naquela época, já lá se vão mais de dois anos, eu conhecia a lomba da Biologia tintim por tintim. Às vezes, até descia por ela, com todo o cuidado. Teve sábado que encontrei comm estudantes que desciam a mil por hora em seus carrinhos de lomba, alguns super-hipersoficisticados –todo o ano há um campeonato de construtores e de velocidade, acho que quem cuida é o pessoal da Poli.

Mas na maioria das vezes éramos apenas eu e a lomba. Fiz treino de tiro lá: não de arma de fogo, de corrida mesmo. Em alta velocidade (a máxima possível para um sujeito lerdo), subia até a segunda lombada, voltando a passo. Doutras vezes, a subida era até o primeiro platô, daí fazia mais lento.

Ou simplesmente rodava para um lado e outro, voltava até o bosque, descia pela Prefeitura da USP, subia pelo Hospital Universitário, descia a rua da FAU e voltava a enfrentar a Biologia. Dito assim, parece pouco, mas é um conjunto de subidas e descidas para ninguém botar defeito.

Hoje fui modesto. Minha condição física não permite arroubos e há qaue ter humildade frente aos desafios. Ia passar ao largo, apenas rodar em torno da praça do Oceanográfico. Mas não deu, a Biologia me puxou. Foi o ponto alto, com o perdão do trocadalho, de meus 20 km do dia.




Foi muito bom. Terminei muito mais cansado do que poderia esperar de cinco blocos de 3.700 metros correndo e 300 m caminhando; suei, fiq   uei com sede, fiquei com fome. Mas saí alegre, pensando na maratona do Alasca, começando a acreditar que vou voltar a ser um maratonista militante. Ainda que iniciante.

Vamo que vamo!

18.5.15

Telefone gigante agrada a dedos cansados e pouco hábeis

O fato de a gente já ter dobrado o cabo da Boa Esperança no que se refere à idade não quer dizer que vamos abdicar de aproveitar as coisas boas que a tecnologia nos oferece.

Nem sempre a gente consegue estar atualizado ou compreender direito o funcionamento de algumas traquitanas; outras, por sua vez, fogem a nosso controle porque suas teclas são muito pequenas ou a tela sensível ao toque acaba se revelando pouco sensível às nossas mãos calejadas.

Há muitos anos, quando eu ainda estava lá pelos meus 40 e poucos e comandava o caderno Informática –vivia, portanto, imerso no mundo nerd, geeek ou quejandos--, abdiquei de experimentar o Blackberry ou qualquer outro celular supostamente inteligente que tivesse aquele teclado minúsculo a desafiar minha parca habilidade digital...

Bueno, mais velho e dedicado agora às coisas deste blog para veteranos, trato de buscar tecnologias que me pareçam confortáveis. Ou mais baratas, já que, como se sabe, o mundo pós-aposentadoria não é exatamente um Nirvana financeiro.

Bueno, vai daí que testei dois novos celulares da Microsoft. O DNA deles é Nokia que, como se sabe, teve sua área de celulares comprada pela gigante norte-americana. Mas o sistema operacional já é a cria do mundo Bill Gates: trata-se da versão para celulares do Windows 8.

Dito isso, os dois diferem em muito. Dediquei mais tempo e atenção ao Lumia 640 XL, que impressiona de cara pelo tamanho. Com 16 cm de altura, 8 de largura e 0,9 de espessura, é um gigantão perto de meu celular de trabalho, que tem 11 cm de altura,  6 cm de largura e os mesmo 0,9 de espessura (medidas aproximadas; as empresas divulgam os dados em milímetros...).

Apesar do tamanho, é fácil de manejar com uma mão só. Difícil, para o corredor, é encontrar uma pochete em que aparelho caiba. Mas consegui.

O principal uso que faço dos celulares, nas corridas, é o registro de fotos. Com sua câmera de 13 Mpixels (contra os meros 8 Mpixels de meu aparelho), fez boas imagens, mesmo em momentos de luz e sombra. 

Abaixo, mostro um foto de que gostei, tirada durante um treino de 18 km. Estava cruzando a ponte Cidade Jardim, sobre o rio Pinheiros.



A seguir, fiz um zoom para pegar detalhe da imagem. Como você vê, ficou bem granulado, o que não é a melhor coisa do mundo. Não dá para publicar em revista, mas serve para a internet. Há câmeras melhores no que se refere ao zoom.


Na sequência do treino, depois de cruzar pelo Jockey e passar pela USP, atravessei de volta o rio Pinheiro pela ponte Cidade Universitária.

Uma operação de máquina no rio, acho que tratando de aumentar a profundidade ou pelo menos, dar uma limpada na parte central do leito, me chamou a atenção. Fiz o videozinho que você pode conferir CLICANDO AQUI.

Além de facilitar a manipulação e edição das imagens, a tela grande é bem boa para ler, ampliar textos e escrever. Não raras vezes eu troco teclas quando escrevo em meu telefone; não vou dizer que isso acabou quando usei o 640 XL, pois nem tudo é culpa da tecnologia, mas me pareceu que diminuiu o número de falhas.

Enfim, fiquei bastante satisfeito com o aparelho, ainda que tenha travado algumas batalhas como sistema. O problema é que, como as outras donas do mundo celular –Apple e Google--, a Microsoft também quer controlar tudo o que seus usuários fazem; há que fazer cadastros, criar conta, inventar nome de usuário e produzir senha –processo nem sempre escorreito, para dizer o mínimo.

Mas dá para encarar. Ah, o preço do aparelho também é bem encarável, a partir de R$ 726 conforme o local de venda  --praticamente o mesmo preço do meu velho aparelho e  menos de um quarto do preço de um iPhone 6.

Falando em preço, essa é a grande vantagem do outro aparelho da Microsoft que experimentei, o Lumia 435. É bem menor, do tamanho mais comum de celular, cabendo fácil na palma da mão. Sua câmera nem de longe é tão boa quanto a do irmão maior, mas serve para colocar fotinhos nas redes sociais.

E, se gastar pouco for a principal preocupação do comprador, é uma barganha (considerando o mercado geral, é claro): a partir de R$ 281. E pode receber dois chips para uso com diferentes operadoras ou códigos de área. 




15.5.15

Em treino superlongo, aposentado gremista faz homenagem ao Coringão

Acabo de fazer o mais longo treino de minha vida de aposentado. Rumo à maratona do Alasca, estou agora na fase final da preparação de resistência, fazendo jornadas que vão além da hora e meia cotidiana. É o que, no jargão dos corredores –como você sabe—chamamos de longão.

Para mim, foi longão e tempão –este, em duas acepções. A primeira me parece mais dramática: desde maio de 2013, quando fiz a maratona de Vancouver, no Canadá, nunca mais conseguira sequer pensar em treinar para uma maratona, quanto mais realizar treinos longos.

A idade, as costas, a dor do asfalto, a fasciite plantar, a fratura por estresse, a gripe não curada, a falta de tempo, a perda de paciência, o desespero, o descaso, a depressão, tudo isso e mais um pouco se somaram para me deixar fora de combate.

QUASE fora de combate, pois permanecia fazendo corridinhas menores, treinos mais curtos, menos demorados, sempre na lentidão de um trote preguiçoso e, muitas vezes, dolorido.

Era preciso mudar. E foi o que fiz depois de aposentado. Coloquei como meta de vida esportiva voltar a correr uma maratona, que será no Alasca daqui a um mês e pouquinho. Juntei amigos, conquistei apoios para recuperar meu corpo e orientar meus treinos; agora estou aqui, correndo.



Por artes das alquimias de meu treinador, Alexandre Blass, faço tudo aos poucos, em blocos pequenos que se somam para construir edifícios gigantes. Assim, os longos são feitos em grupos de três quilômetros, sendo 300 metros caminhados e o resto corrido, trotado, feito em ritmo mais forte. Cinco blocos somam 15 km, oito dá 24 km. Para os 30 km, são dez blocos.

Há que dar o primeiro passo: foi pouco depois das seis da manhã, em frente à estação Sumaré do metrô linha verde. Segui pela Doutor Arnaldo e ganhei a Paulista sob um friozinho de 16 graus, uma brisa gostosa, estimulante.

Nos dois primeiros blocos, nem sinto a corrida (é com os primeiros cinco quilômetros de uma maratona). Estou a ver o corpo, conversar com as pernas, ouvir o lamento dos glúteos, sentir o “crack” que o quadril faz de vez em quando, acompanhar de perto o movimento dos joelhos e dos tornozelos.

É que tudo é um pouco complicado para mim, gordinho, velho e sem o físico adequado de corredor –falta-me o “physique du role”, diriam os encenadores franceses, constatando que meu porte atlético é ótimo para um especialista em ver TV deitado no sofá, mas pouco adequado para um corredor de longa distância.

Vai daí que tenho de treinar muito para fazer qualquer coisa que me interesse no mundo das corridas. Por isso essa conversa todo com cada pedacinho de mim, cada vez que saio para um esforço a que estou menos acostumado.

Até o km 12, porém, dá tudo certo. É bom ver a cidade acordando: desço pela Liberdade, para num boteco para beber água e ingerir meu gel de carboidrato, circulo a praça da Sé, desço para o largo da Concórdia –é impressionante o movimento dos camelôs, o comércio informal que toma conta daquela região, que é viva, pulsante com o movimento dos trabalhadores.

Eles, alheios à conversa dos vendedores, chegam ali aos borbotões, de ônibus, trem e metrô, enchendo as ruelas do Brás rumo ao trabalho: confecções, lojas de roupas, armarinhos, casas de eletrodomésticos, oficinas. E aí me boto no meio deles, tentando ouvir conversas, perscrutando expressões, criando histórias sobre as figuras que vejo.

Passo pelo parque Belém, onde está a Fundação Casa (a antiga Febem, espécie modernizada de detenção para menores), há um Corpo de Bombeiros, um batalhão da Polícia Militar e um parque público em formação, tudo muito bacana.

Mais para trás, eu sei, fica a  Vila Operária Maria Zélia, que visitei durante minha jornada de 460 quilômetros por São Paulo, no início do ano passado (leia mais AQUI).

Antes de chegar ali, passei para um inusitado conjunto de casas de orações. Nunca tinha visto de perto o Templo de Salomão, sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus. Trata-se de um prédio gigantes, opulento, messiânico (para ficar nos termos religiosos).

Ele domina o cenário e, por comparação, transforma em mínima a igreja São João Batista do Brás, que fica exatamente em frente. No mesmo lado do templo católico, por sinal, há outra casa de orações, também bem portentosa, da Igreja Evangélica do Reino de Deus. Nos quarteirões seguintes, como se a Celso Garcia fosse um shopping religioso a céu aberto, mais denominações oferecem aos crentes uma casa para suas preces.

Respeito, mas sigo em frente, porque estou longe do meu destino. E descubro que o terreno, que imaginava plano, começa a se encabritar quando venho para a direita, em direção aos trilhos do metrô que vai me acompanhar até os confins da zona leste.

Vou me perdendo e me encontrando pelas ruas até encontrar o paredão que protege os trilhos. Por ali vou seguir. Vejo ao longe, no topo de um pequeno morro, a igreja Nossa Senhora da Penha, e vou para o outro lado.

Já chego ao km 20 bem inteiro, alguns minutos à frente do tempo que imaginava fazer. Faltam dez, e serão os piores, sem curvas, sem diversões, apenas acompanhando a ótima ciclovia que margeia o metrô.

Ela pode também ser muito perigosa, imagino, pois em diversos trechos seu usuário fica completamente escondido do mundo, entre o muro do metrô e obras viárias –se for atacado por ladrão ou por cachorro de rua, não tem como fugir nem a quem recorrer, o que quer que aconteça não será visto por ninguém.

O bom é que praticamente ninguém aparece. Corro sozinho e me surpreendo com uma calcinha roxa pendurada numa concha de sopa que, por sua vez, está encravada em uma parede da estrutura da estação Vila Matilde.


Depois de fazer a foto, sigo correndo e rindo, deixando a imaginação voar para criar um conto, uma novela, pensar até em um romance...

Quem perdeu a calcinha roxa? Quem a pendurou? Onde estavam, para onde iriam? E a concha, meus senhores e senhoras, como apareceu na jogada? O que serviu? A quem deu de comer...

Sem falar em todo o imaginário erótico e pornográfico sobre o qual não vou me alongar pois aqui se trata de um blog muito respeitador...

E o mundo, para minhas pernas cansadas, vira uma escalada sem fim. A partir do km 20, é uma subida só, muito leve, mas sentida, dolorida. Às vezes acelero, mas logo a exigência do terreno me impõe a redução do ritmo.



Estou sedento e com fome, pois não há bares nem botecos na ciclovia –fica tudo do outro lado da avenida, não sei a quantas pistas de distância, com carros seguindo em alta velocidade para um lado e outro, sem sinais de trânsito.

Não quero parar para pensar em cruzar a avenida, sigo mesmo sabendo que aquilo não é o melhor dos mundos –no Alasca, espero, terei água a cada três quilômetros, aquela belezura de organização...

Se não for, terei de dar um jeito. Como faço aqui, lutando contra a vontade de roubar um pouquinho, caminhar os metros a mais, dividir os blocos de três quilômetros em intervalos menores. 



Mas resisto. Na hora da corrida de verdade, vou fazer o que me for possível; aqui, no treino, luto para que seja possível fazer o pedido, o combinado.

É quando cruzo pela estação Artur Alvim e já consigo ver, ao longe, as passarelas e o teto do complexo de Itaquera. Sei que o estádio do Corinthians está logo ali, falta apenas um bloco.

Escolhi homenagear o timão porque, aqui em São Paulo, é meu time predileto –quem me acompanha sabe que sou torcedor do Grêmio não está em questão. Minhas filhas são corintianas, e há que respeitá-las.

Além disso, o Corinthians acaba de ser desclassificado da Libertadores de forma dolorida. É na derrota que a gente tem de se levantar, desfraldar a bandeira e meter os peitos, seguir firma da batalha. Assim como a sofrida, aguerrida e brava torcida do Grêmio, os corintianos sabemos que é preciso estar lá “para o que der e vier”.



Então no km 28,5 de minha mais longa jornada como aposentado, avisto o estádio. Agora é só chegar, penso eu, enquanto faço as fotos do Itaquerão, que é um belo exemplar da arquitetura de nossos templos futebolísticos.

Cruzo pela estação Itaquera e ainda tenho um quilômetro para rodar. Para minha desgraça, o caminho que escolho é em subida, faço 500 metros para cima, desço outro tanto.

Acabou!

Finalmente vou conseguir beber água.

Cansado, um tanto dolorido e muito esperanço, inicio minha jornada de volta para casa. Por ironia, quase um contraponto à minha homenagem ao Coringão, o trem que pego tem como destino a estação Palmeiras...


Vamo que vamo!

13.5.15

Socialista Morena, com quase 50 anos, inicia voo solo, sem rede de proteção

Para os padrões deste blog, ela é quase uma menina. Nem chegou aos cinquenta anos ainda. Mas sua trajetória acaba de incluir uma mudança importante, que ela chama de "continuidade" de sua carreira.

"Estou fundando um veículo de comunicação", diz Cynara Menezes, uma colega jornalista que muitos conhecem melhor pelo nome do blog que criou há três anos, Socialista Morena.

Lá ela fala de política e de outras coisas da vida, dos perrengues cotidianos, dos heróis anônimos nque fazem este mundo tão bacana, divertido e surpreendente.

Durante a maior parte desses já citados três anos, o blog se hospedou em grandes sites de notícias, filhos das empresas em que Cynara trabalhava. Pois há alguns meses, ela decidiu mudar, partiu para voo solo, sem rede de proteção.

Vai daí que resolvi conversar com ela para discutir exatamente essa questão da mudança de vida, que tantos de nós enfrentamos depois da aposentadoria, e que Cynara resolveu agarrar de uma vez. O papo foi eletrônico, digital, mas espero que seja interessante para você.

Primeiro, ela se apresenta; depois, entramos no assunto propriamente dito.



RODOLFO LUCENA - Quem é você? Onde e quando nasceu, um pouco sobre a evolução de sua carreira...
CYNARA MENEZES - Sou Cynara Moreira Menezes, nasci em 1967 em Ipiaú, uma pequena cidade da região cacaueira, na Bahia, mas nunca morei lá. Em compensação, morei na Bahia toda... Meu pai era bancário.

Estudei jornalismo na UFBA, em Salvador. Comecei a carreira fazendo estágio na imprensa sindical, estagiei como jornalista esportiva de TV e depois de formada fui repórter do Jornal da Bahia. De lá, fui para Brasília, onde atuei no Jornal de Brasília, IstoÉ/Senhor, Folha e Estadão.

Fui para a Espanha fazer um doutorado em literatura (não concluí) porque queria migrar da cobertura política para a área cultural e, na volta, fui trabalhar na Folha, desta vez em São Paulo.

Consegui minha meta de escrever sobre literatura, mas vi que na verdade gosto mesmo é de escrever sobre temas variados... Da Folha passei pelo Estadão, Veja, VIP e depois CartaCapital. Há sete anos estou de volta a Brasília.

Quando surgiu o blog Socialista Morena? Por que você escolheu o nome? Qual a mensagem que você quer mandar com esse nome? O blog teve hospedeiros diversos ao longo do tempo? Conte como foi.

Em 2012 criei o Socialista Morena pensando em ter um espaço mais autoral para mim, para minhas ideias –na Carta fazia reportagens, não opinava. O nome é inspirado nas ideias de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, quando voltaram do exílio, de criar um socialismo novo, brasileiro, “moreno”.

Na época, os dois foram massacrados pelos jornais, ridicularizados ao extremo. E, para mim, trata-se de uma utopia maravilhosa, que transmite a ideia central de que outro mundo é possível, de que o Brasil não precisa ser uma cópia dos Estados Unidos para “vencer”, que pode seguir um caminho próprio.

Quando começou, o blog era independente. Daí passou um ano e meio, mais ou menos, hospedado no site da CartaCapital. Há dois meses voltou a ficar “à deriva” dos grandes portais, totalmente independente.

O que você pretende com o blog agora? E com a sua vida?

Quero escrever, tenho muitas idéias de pauta. E ver no que vai dar.

Viver de blog não é fácil. Como você pretende tratar a questão financeira?

Já consegui cerca de 400 assinantes e tenho esperança de que posso alcançar os 2.000, o que seria suficiente para minha manutenção e gastos pessoais. 

Também tenho recebido muitos convites para palestras, algumas delas remuneradas, o que complementa a minha renda.

Penso também em organizar eventos de jornalismo de esquerda para estudantes de jornalismo, vamos ver.

O que vier acima disso será investido na contratação de gente. Preciso urgente de um estagiário!

Conte o que você faz fora de suas atividades profissionais. Será que de vez em quando dá uma corridinha? Praia? Natação? Tricô?

Eu ando de bicicleta, faço musculação e ioga. Adoro andar de bicicleta, agora tenho uma dobrável que é meu xodó.

Gosto muito de fazer atividades físicas e sigo à risca o conselho de Nietzsche de não acreditar em nenhum pensamento que não tenha surgido com o corpo em movimento, com os músculos participando da festa.

Você teve recentemente uma grande perda, a morte de seu ex-marido, pai de seu filho. Como isso impactou suas decisões profissionais?

Na verdade, eu havia decidido tudo pouco antes da morte dele. Foi bem difícil manter os planos, sabendo que meu filho passaria a só poder contar comigo (financeiramente, inclusive) em um momento de mudanças tão radicais em minha vida.

Mas a sorte já estava lançada e essa será mais uma aventura em nossa vida. Dará certo, assim espero.

Imagino que o blog tenha lhe trazido muita satisfação, mas também deve haver muito perrengue, gente xingando, ameaçando. Conte um pouco sobre as reações do público.


O Brasil está infestado de gente ignorante, e eu lamento muito que a mídia participe da disseminação dessa ignorância. É absolutamente provinciano atacarem pessoas apenas por se dizerem socialistas. 

É o que acontece comigo desde que criei o blog: em primeiro lugar, me atacam por me dizer socialista. Mas também é muito gratificante sentir o carinho dos leitores diretamente, saber que está chegando até eles uma mensagem positiva e, sobretudo, sentir que estou compartilhando conhecimento, premissa básica do jornalismo tal qual o vejo.

12.5.15

Haile, herói das provas de longa distância, se aposenta da vida de corredor profissional

Agora é para valer: depois de correr, no último domingo, a prova de 10 km Great Machester Run, na Grã-Bretanha, o multirrecordista Haile Gebrselassie anunciou sua aposentadoria da vida de atleta profissional.

“Estou me aposentado do mundo competitivo, mas não da corrida. Eu não posso abrir mão da corrida, ela é a minha vida”, disse o ex-recordista mundial da maratona e por muitos considerado o maior corredor de longa distância de todos os tempos.

Conquistas ele tem de sobra para justificar esse título: ao longo de seus 23 anos de carreira competitiva, quebrou 27 recordes mundiais em diversas distâncias, conquistou dois ouros olímpicos (10.000 m) e oito títulos em Mundiais de atletismo.

Ele já havia anunciado sua aposentadoria em 2010, depois de não ter conseguido completar a maratona de Nova York, mas voltou atrás. Chegou a tentar se qualificar para defender sua pátria nos Jogos de Londres-2012, mas não conseguiu; mesmo assim, seguiu competindo na elite.

No domingo, fez sua última aparição com esse status, completando a prova em pouco mais de 30 minutos, o que lhe valeu o 16º posto (foto Reuters). Depois, voltou à largada e correu tudo de novo, desta vez com o povão.

É o que deverá fazer em outras provas de seu “circuito de despedida”; uma delas será em outubro, em Glasgow, na Great Scottish Run.

Agora, vai concentrar seus esforços na sua vida de empresário. A “Haile S/A” emprega mais de mil pessoas em diversos ramos de atividade –construção civil, venda de carros, administração de hotéis e plantação de café. Também é um embaixador da ONU e tem projetos sociais que envolvem a construção de escolas na Etiópia.

11.5.15

Na terra da maçã, aposentado vive o prazer e a dor de correr na serra

Eu estava no quilômetro seis quando ouvi o toque dos sinos. O som me tirou de uma espécie de torpor em que eu estava metido, um pouco pelo cansaço, outro tanto por algumas dores, mais um pedaço pela solidão que me dominava no caminho.

Levantei a cabeça do asfalto encabritado que me levaria até o centro de Lajeadinho, um lugarejo na serra gaúcha, o ponto exato onde foi plantada a primeira macieira que vicejou em terras brasileiras, já lá se vão 80 anos completados neste 2015.
Os sinos bimbalhavam na torre da capelinha azul e branco fundada em 1901 e reconstruída em 1949, homenagem à Nossa Senhora do Monte Bérico (fotos Eleonora de Lucena). 

Eu respeito as crendices de fábulas de todos quanto acreditam nelas, por isso explico aqui quem foi essa Madona: trata-se de uma aparição ocorrida na vila italiana de Monte Bérico em 1426, quando a peste castigava a região.

Não me estendo mais, mas curiosos e crentes podem se informar com detalhes sobre os atos milagrosos clicando AQUI.

Para mim, não ouve milagre nenhum. Ao ouvir aquele som, só me lembrei de uma frase: “Não perguntes por quem os sinos dobram”. 

Ela é citada no livro de Hemingway que aborda os terríveis acontecimentos da Guerra Civil Espanhola, prévia dos monumentais enfrentamentos da Segunda Guerra Mundial. E tem um desdobramento, corolário, resposta à pergunta que não deve ser feita: “Eles dobram por ti”.

Ali, me sentia morrendo e me reconstruí, recomecei, pensando que em breve chegaria ao quilômetro sete e meio, onde haveria água fresca e onde eu poderia tomar um sachê de carboidrato, o que me ajudaria muito a chegar ao final daquela prova de dez quilômetros.

No meio da alegria da retomada, também senti uma certa depressão: depois de trocentas maratonas no lombo, estava ali sofrendo para completar um dezinho...

Acontece que não é assim que funciona. O fato é que as lesões e o tempo de treinos curtos e aperiódicos que vivi antes de iniciar esta empreitada cobraram sua parte. Tenho de reaprender a correr e a aguentar o asfalto. E estou fazendo isso.

A corrida em Veranópolis –município onde fica Lajeadinho—não era de meros dez quilômetros. De fato, era a segunda etapa de uma meia maratona que nunca fora feita. Eu planejara correr os 21 km em março, em Israel, mas não tive condições (saiba mais clicando AQUI).



Então, com orientação de meu treinador, Alexandre Blass, mudamos o projeto: em abril, faria duas provas de 10 km, uma em cima da outra, lá nas terras gaúchas. Era uma forma de testar a resistência do corpo sem impor um volume inesperado...

Na noite de sábado, fiz uma gostosíssima prova na orla do Guaíba, em Porto Alegre. Reunimos Reckziegels e Lucenas que correm, mais agregados de toda a sorte, e cada um fez sua prova, no sue ritmo, para festejar depois. Uma coisa família, assim, gostosa que só ela, tendo como troféu um churrasco noturno e longas conversas da parentada.

Na madrugada seguinte, o despertar foi dolorido, às 5h, para pegar quase três horas de estrada de Porto Alegre a Veranópolis, para a tal segunda etapa da meia maratona.

Valeu a pena.

O mote da corrida era a Festa da Maçã, pois o município se orgulha de ser o pioneiro no Brasil no plantio dessa fruta. A se acreditar nos registros, tudo se deu da seguinte forma.

Nos idos de 1935, o agricultor José Bin, então com 37 anos, comprou uma maçã no mercadinho Zanchetta, em Veranópolis. Levou para casa o fruto importado da Califórnia e, com um afiado canivete, repartiu a maçã, dando um pedacinho a cada um de seus 14 filhos (tinham sido 18, mas quatro não resistiram aos primeiros dias de vida).

Todos gostaram tanto que ele resolveu experimentar com as sementes, fazendo um plantio nos fundos da casa simples em que a família morava, no fim de uma picada no interior do interior de Lajeadinho. Três pés nasceram, mas só uma vingou mesmo.

E como: teve safra em que aquela árvore pioneira chegou a dar mil frutos. E a nova mação brasileira ganhou cepa e nome próprio, homenagem a José Bin –esse tipo de maçã está hoje quase extinto, mas ainda aparece em feiras e exposições como a de Veranópolis.

Eis a razão e o por quê da estarmos ali uns 80 e poucos corredores, no frio da manhã serrana, esperando a hora da largada. Eu trazia no peito o número quatro, indicação de que era o quarto mais velho na corrida. 



Antes da partida, encontrei ainda o 1 e o 2; buscamos o 3 para uma foto do quarteto velhusco, mas foi em vão; ao final, porém, conseguimos reunir outra trupe de veteranos...

Quando enfim deu-se a largada, todos se foram e a mim parecia que eu tinha ficado. Não, era só impressão: eu simplesmente era o mais lento de todos, o último dos últimos já na partida.


Por alguns metros, acompanhei de perto os corredores que fechavam o cortejo; aos poucos, porém, eles foram se afastando enquanto galgávamos a primeira das muitas subidas do percurso.


Passados 500 metros, eu já sabia que não teria coelho para me puxar nem poderia me incentivar dizendo que iria em perseguição deste ou daquele colega de infortúnio. Tive de mudar o meu espírito, tentar entender por que estava correndo ali, o que eu poderia tirar de bom do fato de ser o último, correndo sozinho.

Quase sozinho: atrás de mim vinha a ambulância com seu ronronar protetor. Diferentemente do que acontece com ônibus-prego em algumas provas, os caras ficaram na deles, se aguentando no meu ritmozinho, sem roncar motor nem oferecer nada, numa boa.


Por isso, agradeço a gentileza da companhia distante do motorista Admir Bussolotto (mais alto), da técnica de enfermagem Marta Vieira e do enfermeiro Fábio Motta.

Eu sabia que eles estava lá atrás, mas esperava não precisar deles. Queria mais era (re)aprender a correr sozinho, saber manter um ritmo mesmo sem ter ninguém a quem perseguir, não entregar os pontos mesmo quando não havia ninguém olhando para aplaudir minha bravura.


Era só eu, o asfalto, as montanhas ao longe, a vista sensacional –tive de parar uma vez, por alguns segundos, para fazer uma foto. E as dores musculares, que nem eram tão fortes assim.

O que mais aparecia era o cansaço, e uma maldita preguiça me dizendo para afrouxar. Quando os sinos tocaram, guardei tudo num canto qualquer do cérebro e acordei para o trecho que faltava.

Estende as pernas, amplia a passada, encurta a passada, levanta o tronco, olha 
para o mundo, pensa na maratona –e que maratona, o Alasca me espera!. Vou embora, correndo sozinho, curtindo a montanha, o cheiro de interior, o clima da serra.


Chego melhor do que saí. Cumpri a meia maratona de um jeito heterodoxo, mas bem feito –uma em 1h07, outra em 1h08, melhor do que nada.

Sem dores profundas, e com a serena sensação de que vou conseguir prosseguir no treinamento. Se conquistarei a maratona, não posso saber nem prometer, mas que leva jeito, ah isso leva.

Comi maçã e, enquanto vasculhava as belezas de Lajeadinho, ouvi meu nome ser anunciado.


Fui o quarto lugar na minha categoria --que ninguém se lembre de que também éramos apenas quatro os cinquentões quase sessentões. E me saí com medalha e medalhão.

Que beleza!



7.5.15

Dicas para começar a correr depois de veterano na vida

Você aí que acompanha este blog talvez já corra muito mais do que eu e não precisa de orientação para começar a praticar esportes ou fazer atividade física moderada três a cinco vezes por semana.

Quem sabe, porém, aquele colega de trabalho, primo distante, cunhado chato, conhecida do cabelereiro, enfim, alguém de sua amizade esteja a necessitar de algum empurrãozinho.

Daí, moleza, você apresenta este nosso querido blog para seu amigo ou amiga e deixe que ele se instrua com o excelente artigo a seguir.

O texto que trago para você é obra do decano da ortopedia esportiva em nosso país, o doutor João Gilberto Carazzato

Ele tem tantos títulos e ocupa diversos cargos em escolas de medicina que nem é bom começar a citar; digo apenas que o doutor Carazzato participou como médico em três Jogos Olímpicos, quatro edições do Pan-americano, duas Universíades e vários Sul-americanos e Mundiais de voleibol.

Tá bom assim?

Para satisfação deste seu escriba, o artigo em questão foi escrito pelo mestre especialmente para meu primeiro blog de corrida. Publicado originalmente lá por 2007, também integra a coletânea de textos que forma meu livro “+Corrida”.
Agora publico uma versão editada do texto original, mas sem perder nada do conteúdo e das orientações do nosso amigo médico.

A partir de agora, fique com o texto do doutor Carazzato

PARA CORRER, HÁ QUE CAMINHAR PRIMEIRO

O primeiro passo para quem quer começar um programa de atividade física, especialmente se a pessoa já estiver em uma faixa etária mais avançada, é verificar suas condições de saúde.

Uma avaliação médica com alguns poucos exames laboratoriais podem considerá-lo apto ou detectar pequenos distúrbios que
devam ser sanados inicialmente.

Para o início da atividade física simples, como caminhada, não são necessárias grandes e complexos esquemas de avaliação cardiocirculatória, tais como teste ergométrico, detecção dos limites aeróbios e anaeróbios.

Esses testes são muito importantes nos esportes competitivos e nos programas de atividade física de alta intensidade, como corrida, e que são determinados por médicos especialistas em medicina esportiva.

Assim um início simples pode ser conseguido com a mais rudimentar das atividades físicas, ou seja, “O ANDAR“ .

Sabemos que, para haver benefícios cardiocirculatórios, o andar
deve observar três princípios básicos: freqüência, intensidade e continuidade.

A freqüência deve ser de um mínimo de três vezes por semana, se
possível cinco vezes, mas nunca sete vezes.

A intensidade ideal seria de 120 passos por minuto.

A continuidade deve ser conseguida em todo o ano.

Como conseguir isto?

Podemos fazer um protocolo inicial muito simples, que explico a seguir.

Ande em linha reta por cinco minutos com passos amplos com a
mesma velocidade que você utiliza no dia a dia. Conte o número de passos. Vamos chamá-lo de X.

Sabendo que o ideal seria 120 passos por minuto o total seria 600 passos em cinco minutos. Faça a diminuição 600 – X = Y.

Ou seja, Y é o número de passos que faltam para atingir os
600 passos em cinco minutos.

Divida esse número Y por dez ( ou mais ) dias e teremos Z, que é
o número de passos que você deve alcançar a cada dia que andar, até atingir
o número ideal de 120 por minuto em 5 minutos.

Conserve sempre o tempo de 5 minutos.

Conseguido o andar com 120 passos por minuto, passe a aumentar
o tempo em um minuto a cada dia que andar até atingir o tempo que queira
disponibilizar para sua atividade.

Caso você não consiga atingir o número de 120 passos por minuto, não desanime.

Estabeleça o seu limite, que pode ser por exemplo, 80, 90, ou 100 passos por minuto que será aquele que você deve utilizar.

Bem, esse é o início.

Posteriormente poderemos correr, nadar, andar de bicicleta,
fazer musculação, ginástica especializada ou até as mais diversas modalidades
esportivas.

Comece de forma simples, que não exija demais de suas condições, para que possa ir progredindo lenta e gradativamente, sem desgaste, sem estresse, e assim sem oportunidades para frustrações em não conseguir chegar a alvos que sejam ambiciosos demais.