Vamo que vamo!!!
Vamo que vamo!!!
Vamo que vamo!!!
Vamo que vamo!!!
Vamo que vamo!!!
Bueno, 5x tá bom, não tá??!!
31.12.15
29.12.15
Homenagem a Oswaldo Silveira, maratonista e maître campeão
O mundo das
corridas e o universo da gastronomia perderam nesta terça-feira Oswaldo
Silveira, exemplo de corredor e profissional. Aos 85 anos, trabalhou e treinou enquanto lhe foi possível, sem nunca deitar nos louros –chegou a ser campeão da maratona
de Nova York na sua faixa etária. Ao longo dos últimos anos, tive oportunidade
de fazer algumas entrevistas com ele. A mais recente foi publicada na edição de
dezembro de 2013 na revista “O2”. A seguir, reproduzo aquele texto como mais
uma homenagem a esse atleta sorridente e inspirador.
Olhou-se no
espelho e percebeu que não dava mais.
A cintura não estava tão garbosa como
antigamente. A bem da verdade, a pança se expandia por vários centímetros além
do recomendado pela elegância e pelos cânones da boa forma. Mas ele não
precisava ouvir críticos: fazia sua própria avaliação, talvez mais rigorosa do
que a de qualquer médico ou nutricionista.
“Eu estava
ficando barrigudo, tomando muita cerveja, já não dava mais para jogar direito
nas partidas de futebol na Freguesia do Ó, em Santana, no Jóquei Clube.”
Sentindo-se
“pesadão”, Oswaldo Silveira, então com 54 anos, buscou ajuda de um médico. O
doutor recomendou que entrasse numa academia de ginástica para tentar perder a
barriga e que começasse a fazer regularmente algum tipo de exercício de forma
regular –futebol no fim de semana, seguido por cervejada e churrascada não
conta...
Silveira
lembrou-se de seus primeiros tempos de futebol. “Eu era grosso, era ruim de bola, mas amava a bola. Certa vez, o técnico
falou: `Olha, você não precisa jogar bola. Como você corre bem, você marca
aquele cara lá, não deixa ele jogar, que já está bom`. O cara era o melhor
jogador deles, corria muito, mas eu ganhava dele na corrida.”Assim, quando teve de buscar um esporte para combater a pança crescente, optou pela simplicidade de botar uma perna na frente da outra o mais rapidamente possível. “O instrutor me levou para fazer uma corrida de 6 km no Ibirapuera, e eu me apaixonei. De lá para cá não parei mais.”
De fato, não parou mesmo. Hoje com 83 anos, Oswaldo Silveira contabiliza mais de dez maratonas no currículo de atleta amador, mais de 30 meias maratonas e dezenas (centenas, talvez, já perdeu até a conta) de provas em distâncias menores.
Todas feitas com o ardor e a disposição de quem gosta de dar o máximo em tudo o que faz: “Ganhei muitas o primeiro lugar nos 10 km da Tribuna, em Santos, e nas meias maratonas de São Paulo e do Rio. Fui campeão da meia de Gotemburgo, na Suécia, e de Miami, nos Estados Unidos, e segundo colocado na meia de Buenos Aires”.
E, em Nova York, é o rei de cabelos brancos: foi campeão da maratona, na sua faixa etária, em 2010. Antes, já conquistara um honroso segundo lugar e era recebido com carinho por todos. Tudo isso conquistado sem nunca deixar de trabalhar.
Silveira está prestes a completar 84 anos –a festa será no mês que vem--, mas continua trabalhando como se garoto fosse. Diz que um dos prazeres de sua vida é servir aos outros, coisa que fez ao longo de toda a sua carreira profissional, sempre trabalhando em restaurantes de hotéis –hoje atua em um sofisticado estabelecimento em Campos do Jordão.
Começou cedinho. Quando a maioria das crianças ainda está lutando para completar a primeira etapa do processo escolar, ele já se candidatava a uma vaga em hotel. Era uma forma de enfrentar a infância difícil.
Oswaldo nasceu a 13 de janeiro de 1930 em São Sebastião da Grama, pertinho de Poços de Caldas. A família era grande, e o pai pouco fazia para sustentar os nove filhos, seis homens e três mulheres.
“Meu pai tinha uma mão santa para curar pessoas. Dava remédios de homeopatia, era procurado por gente que vinha de longe. Ele não cobrava nada e ainda dava alguns remédios de graça, recebendo como recompensa como recompensa uma galinha, um porco, uma novilha...”
Isso nem de longe resolvia os problemas domésticos, e até hoje se percebe uma certa mágoa nas palavras do maître maratonista: “Meu pai não trabalhava, só enrolava, fazia os filhos trabalharem”. As coisas pioraram quando a mãe morreu: “Eu tinha sete anos, fomos jogados para o mundo, porque meu pai se casou de novo com uma viúva, ela tinha quatro filhos, foi o fim do mundo”.
O jeito foi tratar de construir o próprio mundo. Com 12 anos, andando pelas ruas de São Paulo, bateu à porte de um hotel procurando trabalho. “Eu não tinha Carteira do Trabalho, porque era preciso saber as quatro operações matemáticas. Aprendi sozinho. Quando consegui, foi como se recebesse um troféu, o primeiro da minha vida.”
O começo foi como mensageiro: “Naquela época e nas minhas condições, equivalia a fazer tudo o que me mandasse fazer”. Ele tirava o pó dos móveis, buscava água nas fontes e trazia os garrafões cheios, pesadões, atendia a porta na madrugada, carregava malas.
Com alguns anos de trabalho, conseguiu promoção para commis (ajudante de garçom). Foi nessa função, ainda menor de idade, que conheceu a moça com quem iria se casar –o casamento já dura quase 60 anos, e o casal tem duas filhas.
A mulher não corre; as duas moças também não. Silveira, por assim dizer, corre pela família inteira.
Daquela primeira prova de 6 km no Ibirapuera, passou com elegância e galhardia para distâncias maiores: 10 km, meias maratonas. Mantinha sempre a disciplina e, já sessessão, foi enfim apresentado à maratona. O ponto de encontro não foi no asfalto nem nas trilhas, mas no restaurante em que trabalhava como maître –chefe dos garçons—, em um hotel de Campos do Jordão, na serra paulistana.
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Todas as imagens são do Arquivo Pessoal de Oswaldo Silveira |
Por causa da altitude –fica a mais de 1.600 metros acima do nível do mar--, das suas trilhas e da tranquilidade, a cidade é usada por maratonistas de elite como local de treinamento. Vez que outra, grupos de maratonistas amadores também aproveitam as belezas locais para inspirar sua preparação.
Foi o que aconteceu naquele ano, quando um grupo treinado por Wanderlei de Oliveira se hospedou no hotel em que Oswaldo trabalhava: “Eles me viram treinando e me convidaram para treinar com eles. Fomos dar uma volta ao mundo: é um treino de 22 km, diziam que quem conseguisse terminar aquele treino estava apto para correr a maratona de Nova York”.
Não preciso nem falar que o maître corredor –até então não maître maratonista—completou o desafio com louvor. Todo mundo ficou entusiasmado e as engrenagens da rede amigos do simpático senhor começaram a se mover para que Silveira pudesse dizer “Presente!” no asfalto de Nova York.
O patrão contibuiu com US$ 500, um freguês do restaurante entrou com as passagens, um parente que vivia nos Estados Unidos ofereceu hospedagem e lá se foi Oswaldo Silveira para sua primeira maratona no exterior, em novembro de 1994.
“Terminei a prova em 4h21min25. Tomei um trem para Port Chester, onde estava hospedado na casa de meu cunhado. Na estação, comprei uma cerveja e pedi um copo, mas me disseram que não podia beber na estação. Levei a garrafa fechada a viagem toda, só fui beber quando cheguei em casa. Queriam me entrevistar, mas eu pedi licença para dormir um pouco, dar uma descansadinha. Dormi duas horas direto, acordei quase bom.”
Se já gostava de correr, agora mesmo é que passou a adorar. Rendeu-se ao canto de sereia da maratona, virou o Maître Maratonista. No ano seguinte, com 65 verões já transcorridos em sua vida, voltou a Nova York para mais uma participação na maior maratona do mundo.
“Caí ao passar em uma das pontes e esfolei a perna
e o braço.Um policial que estava em frente à ambulância me disse:`Come
with me`[Venha comigo]. Eu agradeci, mas respondi que não. Ele insistiu: ´You
must come!`[Você tem de vir], ao que retruquei que não tinha de ir coisa
nenhuma. Ele mandou ver: “Go to hell!”[Vá para o inferno!]. E eu agradeci
novamente: `Thank you very much!`. E segui na minha corrida.”
Terminou sete minutos mais lento que no ano
anterior, mas melhorou a posição na faixa etária, passando do 187º lugar para a
176ª colocação, com 65 anos. Mais de dez anos se passaram até que ele
retornasse à maratona norte-americana –coisas da vida. Em compensação, voltou
arrasando: esteve no pódio em todas as edições da maratona de Nova York em que
participou desde então.
A mais bacana
foi exatamente a corrida da volta, em 2007, quando foi vice-campeão na faixa
etária –estava com 77 anos. “Havia 36 concorrentes na minha faixa. Corri
vestindo meias brancas, calção preto e camisa vermelha onde meu nome estava
escrito com letras bem grandes. Eu passava sempre pela direita e o pessoal
gritava, `GO OSWALDO, GO BRAZIL`. Emocionante.”
Fosse
pelo entusiasmo, fosse pelo apoio do público ou pela força e resistências
construídas nos duros treinos em Campos do Jordão, Silveira fez então seu
melhor tem no chamada Big Apple. Cortou nada menos do que 15 minutos em relação
à sua marca de 1995, completando no tempo líquido de 4h13min38. No total, foi o
16.056º colocado entre 38.607 concluintes.
Assim
sim! Ali era o seu lugar. Ainda pegou um terceiro posto em 2009 e, aos 80 anos,
em 2010, chegou para ser campeão.
Fazia
treinos de 26 km, ida e volta de uma choperia no centro de Campos do Jordão até
o horto florestal; seus treinos de 20 km era ida e volta até o Belvedere, na
estrada de Campos a São Paulo.
Chegou
a fazer 296 km em um mês no processo de
preparação. Além dos treinos de mais de 20 km que já fazia, ainda realizou dois
longões de 30 km cada um. Para fortalecer o corpo, muito peixe, massa, legumes
cozidos, saladas e doces, que ninguém é de ferro. A comida é moderadamente
irrigada por suco de cevada (mais conhecido por cerveja), vinho e um
uisquezinho de vez em quando.
O sujeito tem de estar bem para largar. E, uma vez
tendo sido dada a partida, precisa ter ânsia de vencer.
“Saí na onde 2,
eram três grupos, cada um saindo de uma ponte e se encontrando depois lá na
frente. Foi quando teve o engarrafamento e eu segui `costurando`para fazer as
ultrapassagens. Mandei bordar meu nome bem grande na camiseta e no gorro, a
multidão gritava `GO, Go, GO`. Falavam `Oswaldo`, `isaldo`, `Valdo`,
incentivando.”
Bem diz o ditado, porém,
que “o apressado come cru”. Oswaldo acredita que aquele zigue-zague em busca de
ultrapassagens, atrás de conquistar um posto mais à frente, por mínimo que
fosse, acabou por prejudicá-lo: “Aquilo me desgastou um pouco. Fiz os primeiros
10 km em 56min, mas a meia maratona me tomou 1h56. Apesar disso, estava muito
empolga, sentia que poderia ser o primeiro na minha categoria. No km 25, senti uma
fisgada na barriga da perna esquerda. Aquilo me assustou, diminuí o ritmo
e não tive mais confiança. Mas no fim estava bem”.
O octagenário
atleta completou no tempo líquido de 4h33, a sua pior marca em maratonas –a
melhor foi 3h59 em Paris, em 1998, com 68 anos. “Mas foi a melhor. De noite,
não conseguia dormir, lembrando a multidão que gritava meu nome. Quando cheguei
a São Paulo, a TV me esperava em Cumbica para me entrevistar...”
É uma regra básica para todos os corredores, ouvir o corpo, mas nem sempre a gente a cumpre. Também há muitos que não cumprem a recomendação de começar aos poucos, que Oswaldo faz, do alto de sua experiência de quase 30 anos de corrida:
“Primeiro, é preciso andar bastante e não deixar de fazer check-up. É importante saber onde tem algum defeito. Começar andando, correndo devagarinho e vai aumentando. Vai aumentando a carga horária. Se alimentar bem. Não dormir muito. Não pode dormir muito. Não dá tempo.”
Digamos que a receita não tenha unanimidade no que se refere às horas de sono –nesse terreno, como diz o povo, é cada um com seu cada qual. Mas as demais recomendações são referendadas por técnicos e manuais de corrida...
Mas Oswaldo é um corredor que vai muito além dos manuais. Basta ver como termina e começa sua semana:
“Trabalho atualmente em um hotel em Campos do Jordão, de
quarta-feira no jantar, quinta, sexta e sábado no café da manhã, almoço e
jantar. No domingo, trabalho no café da manhã e almoço; em seguida, vou para
São Paulo e danço das 19h às 22h.”
Frequentador
do clube Piratininga, não escolhe ritmo para rodopiar pelo salão, mas gosta
mesmo de samba. No dia seguinte, acorda cedinho para o treino com sua equipe,
no Ibirapuera. Aconteça o que acontecer, não abandona a corrida: “É preciso ter determinação, mas esse sacrifício vale a pena para que se conquiste
a longevidade com saúde e com qualidade de vida”.
14.12.15
Guinness reconhece recorde de ultramaratonista brasileiro
Para quem gosta de ter tudo registrado, documentado, letra
por letra, tintim por tintim, a coisa já está sacramentada, carimbada,
arquivada e distribuída para o mundo: o analista de sistemas Marcio Villar,
carioca de 48 anos, é recordista mundial de distância percorrida em esteira
durante uma semana.
Ele bateu o recorde em junho
passado, em um shopping do Rio de Janeiro, correndo 827,16 quilômetros. Com
toda a burocracia e análise de documentação comprobatória, o Guinness só veio a
oficializar o registro recentemente (confira AQUI).
Eu fiz uma reportagem sobre o caso para a
Folha (leia AQUI).
Agora, publico para você a
entrevista completa que fiz com Marcio Villar, que ficou tão feliz com a
notícia do registro no Guinness que tatuou no pescoço a logomarca da empresa.
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Fotos Arquivo Pessoal |
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Qual a importância de
ter um recorde mundial reconhecido pelo Guinness?
É a realização de um sonho, do reconhecimento do trabalho,
não tem dinheiro que pague. Foram cinco anos sonhando com esse recorde. Estou cadastrado
desde 2011 no Guinness para tentar bater o recorde, mandando o projeto para
varias empresas e só recebendo não, a pior coisa que tem para um atleta é saber
que tem capacidade e ninguém acreditar em você. Mas, se não desistir, tendo
foco e determinação, uma hora você chega lá.
Quando e onde você
quebrou o recorde mundial de corrida em esteira durante uma semana?
Foi no Americas Shopping, no Recreio de 27\06\2015 a
04\07\2015. Arrecadei duas mil latas de leite em pó para o hospital do cancer.
Como você se
alimentou durante o período?
Procurava comer coisas pastosas tipo purê, sopa, açaí, caldo
de cana, paçoca, refrigerante, isotônicos e frutas.
Havia intervalos para
dormir e ir ao banheiro?
Dormia de duas a três horas por noite, quando a dor no corpo
deixava. Na última noite não pude dormir para poder conseguir bater o recorde.
Tive que correr dando tapa no meu rosto para me manter acordado.
Houve, durante a
semana do recorde, algum momento depressivo, em que pensou em desistir?
Nas últimas 36 horas eu tive que buscar 200 km, isso com o
tendão do pé esquerdo rompido e a coxa direita com estiramento. Corria chorando
de dor o tempo todo.
Na última noite não podia dormir para poder recuperar o
tempo perdido. Eu corria jogando água na cara para me manter acordado. Minha
esposa gritava para eu abrir os olhos, o shopping cheio de amigos a madrugada
toda dançando e cantando para me incentivar e não me deixar dormir.
Porém quando deu 4 da manhã pedi dois minutos de silencio,
sentei na esteira, cobri a cabeça com a toalha e falei para mim mesmo,"já
era, não dá mais, acabou, não tenho mais força, estou caindo da esteira de sono
e dor".
Então, do nada, não sei de onde, veio a ideia de dar tapa no
meu próprio rosto e comecei a dar tapas, o rosto começou a arder, levantei e
subi na esteira, o shopping veio abaixo com todo mundo vibrando, acelerei a
esteira de uma vez só (parecia que o Brasil tinha ganho a copa), todos vibravam
sem parar, me animei e corri o resto da madrugada dando tapa no rosto.
Depois amanheceu, despertei, e encaixou o ritmo, conseguindo
superar o recorde as 11h15. Até o meio-dia consegui colocar mais 5 km na frente.
Quando acabou, dei a volta olímpica no shopping, fui para
capela assistir a missa de agradecimento e depois fui para casa na cadeira de
rodas.
Como você se preparou
para o desafio de tentar quebrar o recorde?
Foram seis meses correndo dia e noite na esteira me
preparando fisicamente e mentalmente.
Por favor, cite
algumas de suas principais conquistas anteriores.
Sou o único atleta do mundo a triplicar a Ultra dos Anjos -705
km de montanhas, único atleta do mundo a triplicar a Brazil 135 correndo 651 km
de montanhas, único atleta do mundo a dobrar a Jungle Marathon correndo 509 km
dentro da Floresta Amazônica, recordista da double da Badwater correndo 434 km
com 60°C de temperatura no deserto do Vale da Marte em 79 horas e primeiro
atleta do mundo a completar a Copa do Mundo de ambientes extremos
Quando começou a ser
profissional de ultramaratonas?
Eu era analista de sistemas, mas me sentia preso a um escritório
e infeliz. Hoje faço o que amo e isso não tem preço. Há dois anos que decidi
arriscar tudo, largando o emprego para montar a loja e fazer palestras. Hoje
minha principal fonte de renda são as palestras. A loja virtual também é muito
importante, vendo meu livro e material esportivo.
10.12.15
Confira testes de nova geração de calçados de corrida da Mizuno
Olha, fazia uma data que eu não testava tênis da Mizuno. Posso estar enganado, porque até o Google às vezes se engana, mas em rápida pesquisa internética que fiz constatei que o mais recente texto sobre calçados da empresa japonesa em meu blog data de abril de 2008.
Naquela oportunidade, escrevi sobre o modelo Creation 7, que eu tinha recentemente comprado nos Estados Unidos --como costumo fazer, aproveitei uma liquidação, pois a atualização da família já estava chegando às lojas, e o modelo 8 começava sua carreira de sucesso.
A linha Creation sempre foi de meu agrado. Não me lembro de ter corrido maratonas com esse calçado, mas, no início da década passada, tênis desse modelo estavam em meu rodízio de calçados –em cada processo de treinamento para maratona, costumo empregar três tênis de modelos diferentes, alternando o uso de dois deles nos treinos de até 20 quilômetros e deixando o terceiro, escolhido para a maratona, para rodar nos longos.
Coitado do Creation!
Apesar de aprovar a qualidade do tênis, o texto que escrevi sobre ele detonava o desenho da sola do calçado --como outros montados sobre a plataforma Wave, vem com aberturas que ajudam no “molejo”, no amortecimento.
No meu texto de 2008, que você conferir na íntegra clicando AQUI (tem de rolar a página até chegar ao ponto desejado), escrevi:
“O problema todo é aquela estrutura de espaços vazios no solado, apresentada como importante elemento para o amortecimento. Pode até ser, mas, quando você pisa de jeito em dejetos caninos, a porcaria se gruda na sola e entremeia a entressola, solertemente se infiltrando naqueles tais espaços.
“Não adianta esgravatar com palitinho ou galho de árvore, muito menos arrastar na grama, pois as fezes animalescas se encontram protegidas pelas camadas de ondas da sola. O único jeito é lavar mesmo os tênis completamente, não sem antes tê-los deixado sob forte jato de água.”
É bem verdade que, já naquela época, havia outros modelos de calçado de corrida que também ofereciam solados difíceis de limpar. Hoje em dia, por exemplo, só de olhar as lâminas alinhas na sola no Springblade, da Adidas, me dá medo: imagina ter de limpar aquilo tudo...
São coisas que vêm à cabeça de corredor que roda pela urbe, com seus problemas e dejetos. Mas é claro que eventual dificuldade para limpar não tem impacto sobre a qualidade do tênis...
De onde então saltamos no tempo e chegamos aos dias de hoje. Acabei de testar, durante cerca de duas semanas, dois modelos da Mizuno para corrida.
Ambos são de linhas que já usei no passado; tênis confiáveis, capazes de enfrentar centenas de quilômetros.
Comecei com o Creation 17 –o último modelo dessa família que eu havia usado, como disse, foi o 7.
Como era velho conhecido, experimentei o calçado direto em um treino longo, de 24 quilômetros –longo para meus parâmetros, pode ser que você considere isso apenas uma voltinha até a esquina, mas cada um com seu cada qual.
Não me dei mal. O calçado mantém as qualidades de conforto, firmeza e amortecimento. A parte da frente é ampla, com espaço mesmo para pés largos com os meus –isso é mais notável considerando que o modelo que a Mizuno enviou para testes foi de tamanho 11, e eu normalmente uso o 11,5.
Como outros calçados da empresa que usam a plataforma Wave, ele não é muito flexível; há quem possa até considerá-lo duro demais. Por causa de inflamação no meu pé esquerdo, eu uso uma palmilha de silicone sobre a palmilha original do calçado, o que me proporciona mais amortecimento. Mesmo assim, deu para sentir a pouca flexibilidade do modelo.
Com todos esses recursos, o Creation acaba sendo um tênis pesado, se comparado às linhas com maior flexibilidade de outros fabricantes; mas está na mesma ordem de grandeza de modelos neutros mais estruturados.
Segundo a fabricante, pesa 360 gramas, o que é muito similar ao peso do modelo que uso em maratonas (345 gramas). É desenhado para passada neutra ou supinada.
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Fotos Divulgação |
Na parte da frente do pé, ele é um pouco menos largo que o Creation. Recebi o tamanho 11 para testes –como o Creation—e ficou bem mais justo, ainda que não tenha chegado a ficar incômodo.
Talvez por causa de sua estrutura um pouco menor, a minha palmilha não ficou tão bem instalada como no Creation. Fiz testes com outra opção de proteção (ponto metatarsial em vez da palmilha) e os resultados foram bons.
Durante essas semanas de avaliação, usei o ProRunner em rodagens de até 16 quilômetros.
Nos trechos em descida e nas raras oportunidades em que procurei aumentar meu tartaruguesco ritmo, senti a sola ceder um pouco mais do que o esperado.
Não chegou a desabar, como acontece em calçados que apresentam flexibilidade exagerada ou muito molejo, mas respondeu como menos firmeza do que o Creation –o que é compreensível, considerando as diferenças construtivas entre os dois tênis.
Talvez o casamento dos dois modelos chegasse a um resultado mais próximo do ideal –se é que existe isso.
De qualquer forma, o ProRunner, a linha de corrida mais vendida da Mizuno, é um bom companheiro para treinos e mesmo corridas longas, até meia maratona.
Falei que era mais leve e mais barato que o Creation. Pesa 260 gramas, e a diferença, notável já pela simples observação, tem impacto na hora de correr por bastante tempo. Seu preço de lista é R$ 499,90 contra R$ 799,90 do Creation.
7.12.15
Gêmeo faz boa marca no Japão, e seleção do Brasil para maratona olímpica começa a se definir
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Foto Arquivo Pessoal |
O terceiro
sargento do Exército brasileiro Paulo Roberto de Almeida Paula está
virtualmente na seleção brasileira que vai disputar a maratona dos Jogos
Olímpicos do Rio-2016.
A
seleção não está fechada ainda, e muita
coisa pode mudar até a hora derradeira de definir o time, mas Paulo, mais
conhecido como um dos Gêmeos –Luiz Fernando, seu irmão, também é maratonista—viu
suas chances crescerem enormemente no último fim de semana.
Ele
terminou em sexto lugar na maratona de Fukuoka, prova em que o vencedor foi
nada menos do que o ex-recordista mundial Patrick Makau, do Quênia, que fechou
em 2h08min18.
Melhor
que a boa posição foi a marca do brasileiro, 2h11min02, que lhe dá o segundo
lugar entre os melhores corredores do país, atrás apenas de Marílson Gomes dos
Santos.
A
marca de Marílson é 2h11 cravadas. Depois vem Paulo Roberto e, na sequência,
Solonei Rocha, com 2h13min15. Cada país leva no máximo três atletas à maratona
olímpica.
Além
deles, estão qualificado e buscam melhorar suas marcas Valério Fabiano (2h15min14), Franck Caldeira (2h16min35),
Gilberto Lopes (2h16min39) e Edson dos Santos (2h16min51). O prazo para a
obtenção do índice vai até 6 de
Paulo Roberto, 36, e paulista e tem como recorde pessoal na maratona 2h10min23, cravada em Pádua, Itália, em 2010. Foi sétimo colocado no Mundial de Moscou, em 2013, e oitavo na Olimpíada de Londres-2012.
Apesar de estar em uma posição muito confortável
para obtenção da vaga para sua segunda Olimpíada, Paulo não quer dar mole. Seu
treinador, Marco Antonio Oliveira, avisou que o atleta ainda deve fazer outra
maratona até abril.
No feminino, estão qualificadas
hoje Adriana Aparecida da Silva (2h35min28), Marily dos Santos (2h37min25),
Sueli Pereira da Silva (2h39min36) e Graciete Moreira Santana (2h41min39). O
índice no feminino é 2h42.
3.12.15
Justiça considera Oscar Pistorius, o Blade Runner, culpado de assassinato em primeiro grau
A Suprema Corte da África do Sul considerou Oscar Pistorius,
recordista paraolímpico de 100 m e 200 m,
que matou sua namorada em fevereiro de 2013, culpado de assassinato em primeiro
grau (com intenção de matar).
A decisão da Corte, anunciada hoje, modifica o resultado do
julgamento de primeira instância, que havia condenado Pistorius por homicídio
culposo –em que não há intenção de matar.
Pistorius, velocista biamputado conhecido com Blade Runner, por
usar lâminas especiais para corrida, executou Reeva Skeenkamp com quatro tiros
de espingarda. Ela estava no banheiro do apartamento em que os dois moravam.
O corredor, primeiro biamputado a participar de uma
Olimpíada (Pequim-2008), alegou que imaginou que havia um invasor em sua casa. Não
viu quem estava no banheiro, pois a porta estava fechada. Não pretendia matar
ninguém, apenas se defender.
No primeiro julgamento, sua versão foi aceita, e ele foi
condenado a cinco anos de prisão –cumpriu um ano em regime fechado e agora
estava em prisão domiciliar.
Agora, os juízes consideraram que, ao disparar com a
espingarda, ele assumiu o risco de matar alguém que estivesse do outro lado da
porta. E, se pretendia apenas assustar um eventual invasor, por que disparar
quatro vezes?
Ainda não foi definida a data para o anúncio da nova pena.
30.11.15
Governo do Quênia quer saída de cartolas da federação de atletismo
O
governo do Quênia pediu a demissão dos principais dirigentes da federação de
atletismo do país depois que um grupo de atletas ocupou a sede da entidade em
protesto contra o que consideram corrupção generaliza e falta de ação contra o
doping.
“Estou
muito orgulhoso da decisão dos atletas”, disse em entrevista a este repórter o
jornalista e escritor britânico Adharanand Finn, autor do premiado livro “Running
with de Kenyans” (Correndo com os quenianos).
Segundo
ele, “é preciso muita coragem para enfrentar a federação, pois há muita
corrupção e ela pode punir os atletas”.
Ao
que parece, porém, são os cartolas que correm o risco de punição no atual
momento.
A
entidade é acusada de corrupção; executivos teriam metida a mão no dinheiro de
um contrato de patrocínio com a Nike. Além disso, a federação também seria
conivente com esquemas de dopagem, deixando de investigar e punir redes organizadas
para fraudar competições.
O Ministério
do Esporte do país pediu a renúncia dos executivos envolvidos em acusações,
pelo menos enquanto durarem as investigações dos casos.
Alguns
dos chefões já tiveram de responder a inquérito policial, como o ex-eterno
presidente Isaiah Kiplagat (que
se licenciou para concorrer à IAAF, o vice-presidente David Okeyo e o
ex-tesoureiro da federação Joseph Kinyua. Todos eles disseram ser inocentes.
Nos
meios esportivos, porém, a credibilidade deles está bem abalada. Recentemente,
Dick Pound, coordenador da comissão de investigação que escancarou a dopagem
generalizada na Rússia, disse: “O doping no Quênia é preocupante”.
O
país continua na mira das autoridades internacionais antidopagem, que suspeitam
da existência de poderosos esquemas funcionando sob o olhar complacente da cartolagem local.
Não
é o que pensa o jornalista britânico com quem eu conversei por e-mail. A entrevista
com Finn serviu de base para reportagem publicada na Folha neste último domingo
(confira aqui)
Agora,
com exclusividade para os leitores deste blog, trago a íntegra da entrevista
com Finn. Para escrever seu livro, viveu seis meses na Meca queniana das
corridas de longa distância, entrevistou dezenas de atletas e consultou
pesquisas e especialistas em esporte.
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Britânico Finn corre com quenianos em 2011, quando viveu no país - foto Arquivo Pessoal |
Baseado no seu conhecimento,
o senhor diria que há doping generalizado no Quênia?
Claramente
há doping, sim, mas não acredito que seja tão organizado e amplo como é na
Rússia.
De acordo com seu livro, os
bons resultados dos quenianos são fruto de treinamento duro. Com as recentes
denúncias de doping, o senhor se sente enganado?
Não.
Eu ainda acredito que a maioria dos corredores do Quênia é limpa. Não sei
quantos estão se dopando, mas sei que alguns dos principais corredores são
limpos, com certeza. A história da corrida no Quênia não é uma mentira –sua incrível
dominação na corrida de longa distância não foi construída com base no doping.
Lamento,
no entanto, pelos corredores quenianos honestos. O fato de que alguns
corredores do Quênia estão se dopando coloca todos eles sob suspeita. Em
qualquer lugar em que um queniano tenha um bom resultado poderão pensar que ele
ou ele correu sob doping. Isso é uma vergonha para os corredores limpos, que
trabalham duro para conseguir seus resultados.
Qual sua opinião sobre as
acusações que pesam sobre a Federação de Atletismo do Quênia(AK)?
A
Federação do Quênia está no coreção de todos os problemas. Eles se mostraram inúteis no combate ao doping e
parece que também andaram roubando. A entidade sempre esteve longe dos atletas,
e me senti muito orgulhoso dos atletas que fizeram a ocupação, defendendo suas próprias
bandeiras. Foi uma atitude muito corajosa, porque a federação é muito corrupta
e pode punir os atletas que se levantam contra ela.
No seu livro, o senhor
afirma que as razões do sucesso queniano combinam biologia, história, economia
e treinamento duro. Se eles são tão bons, por que o doping?
A competição no Quênia é tão dura que pode ser
difícil até mesmo conseguir vaga em uma corrida. Eu acredito que os corredores
que estão se dopando, em sua maioria, são aquelas que não estão se saindo bem.
Ficam tão desesperados para conseguir uma corrida, para fazer algo em suas
carreiras, que recorrem ao doping. Os corredores do primeiro time costumam
ficar satisfeitos com seus resultados, mesmo quando chegam em segundo ou no
terceiro lugar. Na minha opinião, eles não são tão fanáticos por ganhar sempre,
como, por exemplo, Lance Armstrong.
24.11.15
Futurologia olímpica: empresa diz que Brasil leva 23 medalhas no Rio
A exemplo do que nos dizia a
personagem “Feiticeira” em um comercial de anos atrás, uma consultoria
especializada em análise de dados prevê quantas medalhas o Brasil vai ganhar
nos Jogos Olímpicos do Rio e afirma que não é magia, é tecnologia.
Segundo o modelo matemático
desenvolvido pela Marketdata, atletas brasileiros vão conquistar nada menos do
que 23 medalhas na Olimpíada brasileira, meia dúzia a mais do que o obtido nos
Jogos de Londres.
“A partir dos históricos de bancos de
dados, aplicamos técnicas estatísticas para prever ocorrências futuras”, diz
Karin Ayumi Tamura, superintendente da área de Analytics da Marketdata, em
comunicado distribuído à imprensa.
A fórmula adotada pela empresa se baseou principalmente na ponderação de três informações: quantidade média de medalhas
conquistadas no histórico, quantidade de países que competiram em cada
Olimpíada e quantidade de medalhas na Olimpíada anterior, caso o país tenha
sido sede.
A empresa também afirma
que o fato de sediar a Olimpíada leva o país a conseguir cerca de 73% a mais de
medalhas do que levaria se não fosse o anfitrião dos Jogos.
Bueno, esse dado fez levantar a pulga
atrás da orelha, como se diz. Claro que não entendo nadica de nada das
modelagens matemáticas citadas pela consultoria, mas fiquei com a dúvida: se,
de fato, é tão grande o peso de ser o país-sede e se o Brasil ganhou 17
medalhas em Londres-2102, no Rio o número não deveria ser 29 ou 30?
Independentemente disso, considero o
cálculo dos analistas de dados exageradamente otimista, especialmente quando
olho o meu querido território do atletismo e não veja nada nem ninguém. O país
tem grandes valores, por certo, e vários atletas dedicados, mas dizer hoje que
temos medalhista olímpico nas pistas e no campo me parece difícil.
De qualquer modo, fica o registro da
primeira futurologia olímpica que me chegou às mãos. Sonhar ou brincar com
dados não faz mal a ninguém. Depois a gente confere as previsões com a dura
face dos números na vida real.
19.11.15
Reflexões sobre treinar no calor
Ontem foi um dia muito ruim para meu treinamento. Saí para
fazer um longo –não sei se alguém ainda considera 20 quilômetros treino longo,
mas, para mim, neste momento, é—e empaquei pouco depois do terceiro quilômetro.
Até que vinha correndo bem, mas, aos poucos, fui sentindo as
pernas pesadas e dores musculares na musculatura posterior das coxas. Para
piorar as coisas, o calor aumentava –em vez de largar às seis horas da manhã,
como tinha planejado, comecei o treino às oito.
Resultado: fui ficando cada vez mais lerdo e deprimido, abortei o treino. Melhor dizendo, mudei seu caráter: passou a uma
caminhada acelerada e longa, uns dez quilômetros e caquerada.
Apesar de ter feito alguma coisa, deixei que o desânimo me
pegasse. Mas não por muito tempo.
Fui olhar minha planilha para ver o que eu poderia fazer no
dia seguinte, o amanhã de ontem, o hoje, por assim dizer.
O primeiro dia de treino na semana é sempre uma caminhada; o
subsequente é um intervalado com blocos pequenos, de 300 metros caminhando e
1.200 correndo, fechando um bloco de 1.500 metros. Deveria fazer dez blocos
desses, totalizando 15 quilômetros.
Mentalizei, programei, organizei e acordei mais tarde
ainda... Talvez estivesse menosprezando o treino, pois os blocos são curtos e
mil e duzentos metros correndo qualquer um faz a qualquer hora... Mas: e quando
esses mil e duzentos foram o oitavo de uma série??
Bueno, o certo é que saí para correr às 9h, já com o sol à
toda.
Em percurso absolutamente plano, fiz os primeiros nove
quilômetros quase sem sentir, rodando numa boa. Depois, porém, o caldo
engrossou.
Do km 9 para o km 12, perdi um minuto. Parece pouco, mas foi
um sofrimento desgraçado. Parei no 13,5 km para uma terceira rodada de
hidratação (havia bebido água no km 6 e no km 12), desta vez com água de coco.
Mesmo assim, o bloco final não apontou nenhuma recuperação.
Ao contrário: suava às pampas, sabia que perdia ritmo, mas estava resolvido a
não caminhar quando deveria correr.
Completei o treino dentro das regras, mas absolutamente
exausto. Fiz breves alongamentos, bebi mais água, tomei um banho gelado e
consumi um iogurte natural desnatado.
Enquanto isso, ficava pensando no que dizer sobre esse
treino, como comentá-lo com meu treinar, qual o meu estado de espírito.
“Exausto, mas feliz”??? Será?? Ou simplesmente exausto?
Não, alguma dose de satisfação tive, porque consegui completar o treino
conforme o planejado, e ainda com um minuto e meio de vantagem sobre a meta.
Mas será que esse treino serviu para alguma coisa? Ou apenas
me deixou mais cansado?; por causa da exaustão, a recuperação provavelmente vai
ser mais lenta do que eu gostaria ou do que seria esperado.
Vai daí voltei a lembrar lições de experientes treinadores:
a gente deve buscar fazer os treinos nas melhores condições possíveis, a fim de
que possamos exigir do corpo o que queremos tirar dele.
Claro que, conforme a prova escolhida, em algum momento
deveremos enfrentar supersubidas ou horários de muito calor. Mas isso não deve
ser a regra.
Donde se conclui que é melhor não treinar no calor, buscar
horário mais ameno, ainda que isso signifique dormir mais cedo para acordar de
madrugada.
Nos dias de hoje, com sol cada vez mais poderoso, pretendo
não começar treinos depois das sete horas. Os longos, vou tentar fazer a partir
das seis ou mesmo antes.
Ou seja, pretendo programar tudo para que os treinos estejam
concluídos até as nove da manhã. É uma forma de proteger minha saúde, fazer
treinos melhores e ter um processo mais rápido de recuperação.
Para completar, é claro, há que reforçar a hidratação, beber
muita água (nesse calor todo, acho que água nunca é demais) e comer bem (eu
abuso, mas não recomendo), além de garantir um tempo razoável para descanso.
Enfim, é o que pretendo fazer. O que você acha?
Vamo que vamo!
Vamo que vamo!
17.11.15
Aos 103 anos, morre mais velho sobrevivente de competições de atletismo em Jogos Olímpicos
Morreu no último domingo, na China, o mais velho
sobrevivente de competições olímpicas de atletismo. Guo Jie, que representou a
China nos Jogos de Berlim-1936, tinha 103 anos.
Especialista em lançamento de disco, Guo nasceu em Dalian em
janeiro de 1912. Praticou diversos esportes em sua juventude e foi campeão
nacional no disco em 1935.
Classificou-se para representar sua pátria nos Jogos do ano
seguinte estabelecendo novo recorde chinês da modalidade, lançando o disco a
41,07 m.
Em Berlim, melhorou aquela marca, chegando a 41,13 m, mas não
foi suficiente para chegar à final.
De volta para casa, continuou a militar no atletismo; nos
anos 1950, passou a atuar com treinador e pesquisador em esporte. Seguiu trabalhando muito tempo depois de se aposentar, em 1987.
Nos Jogos de 2008, em Pequim, foi um dos responsáveis pela
tocha olímpica, que carregou pelas ruas de Xian.
10.11.15
“O Brasil é cheio de caminhos”, diz maestro que andou duzentos quilômetros até o Pico da Bandeira
A atividade de Cesar é
supercerebral. Precisa prestar atenção a detalhes, ouvir muito bem,
concentrar-se no que está ocorrendo ao seu redor, reagir de acordo com os
estímulos e sons de cada momento.
Cesar Cerasomma, paulista
de Santo André, é mastro –“regente coral”, diz ele. Aos 50 anos, comanda os
corais Alphaville,
Monte Líbano e Fundap.
Nas horas de folga,
busca opções que lhe deixem amente voar. Em casa, faz arte com vidro, cria
cores e formas. No mundo externo, caminha.
Ele completou no mês
passado o Caminho da Luz, por montanhas mineiras, chegando até o Pico da Bandeira,
numa jornada de 200 quilômetros até o terceiro ponto mais alto do país.
“É uma rota magnética
que fascina a todos”, diz ele nesta entrevista que serve também como guia para
quem quiser se testar nessa caminhada (as fotos são do arquivo pessoal de
Cesar).
Quando e por que você começou a fazer grandes
caminhadas?
A primeira grande
caminhada que fiz foi em 2012, o Caminho de Santiago, 800km atravessando a
Espanha desde Saint Jean Pied de Port (França) até Santiago de Compostela.
Desde os meus 15-16
anos sempre tive vontade de percorrer esse caminho. Há uns dez anos me associei
à ACACS (Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago) e
comecei a fazer umas caminhadas preparatórias
de um ou dois dias com eles. E depois dessa tenho feito outras mais. O Brasil é
cheio de “caminhos”.
Uma vez tendo começado, o que achou de bom
nelas? O que achou de ruim?
Gosto muito de andar
sozinho, para mim é um período de reflexão além de ter contato com cultura
local, culinárias, pessoas que vc vai encontrando.
Coisas ruins fazem
parte da caminhada: administrar algumas bolhas, uma eventual dor nos músculos,
... mas nada tira o prazer da caminhada
em si.
Como é a rota do pico da Bandeira?
O Caminho da Luz é um
caminho localizado na Zona da Mata Mineira, precisamente na divisa com o norte
Rio de Janeiro e o sul do Espírito Santo, e o mesmo presta-se para aqueles
amantes de longas caminhadas.
O seu trajeto é
bastante acidentado, pois possuí uma grande variação de altitudes entre Tombos
(238m) e o alto do Pico da Bandeira (2.890m). A abertura do caminho foi feita
em 14 de julho de 2001 e a partir dessa data, tornou-se um caminho misto de
peregrinação religiosa, ecológica e histórica.
Alguns consideram o caminho
mágico tanto pelas belezas naturais que encontramos durante o percurso quanto
pelo povo da região. Os moradores passaram a fazer parte do caminho, recebendo
os caminhantes com aquele peculiar carinho, ajudando e prestando todas as
informações solicitadas pelos mesmos.
O percurso tem cerca
de 200 quilômetros de extensão, saindo da cidade de Tombos (Portal de Minas),
passando por Catuné, Água Santa, Pedra Dourada, Faria Lemos, Carangola, Caiana,
Espera Feliz, Caparaó, terminando em plena serra no Alto do Caparaó, ao lado da
Igreja de São Paulo, o Apóstolo.
O famoso pico da
Bandeira encontra-se na proximidade, pois se situa em plena Serra do Caparaó no
Parque Nacional do mesmo nome. O caminho encontra-se todo demarcado e
devidamente sinalizado.
O trajeto tem início
na base da cachoeira que dá nome à cidade (Tombos), sendo a quinta maior em
volume d’água do Brasil e que possui a segunda hidrelétrica implantada no
Brasil ainda em funcionamento. Termina no Pico da Bandeira, o terceiro maior do
Brasil e o primeiro mais alto acessível.
Durante todo o
percurso do Caminho da Luz fragmentos de mica e cristais emergem do solo,
proporcionando-lhe um brilho especial. São 200 quilômetros percorridos pelas
montanhas de Minas, passando por fazendas centenárias, matas, cachoeiras,
santuários e antigas estações ferroviárias. A rota é carregada de um magnetismo
que fascina a todos.
Quando e por que decidiu fazer a rota do pico
da Bandeira?
Já havia feito este
caminho em dezembro de 2013 (sozinho) porque tinha uns nove dias de folga e
busquei na internet algum caminho que desse tempo de percorrer inteiro. Gostei
tanto que levei a proposta de montar um grupo na Acacs e fazê-lo novamente. Dessa
vez fomos em 26 pessoas.
Dê uma geral da caminhada: quantas dias
levou, como foi o clima, o que você encontrou pelo caminho, quantos quilômetros
percorreu por dia em média.
Foram 12 horas em
ônibus até Tombos e depois oito dias de caminhada:
Tombos
– Catuné (25 km)
Catuné
– Pedra Dourada (20 km)
Pedra
Dourada – Faria Lemos( 25 Km)
Faria
Lemos – Carangola (21 km)
Carangola
– Caiana (26 km)
Caiana–Espera
Feliz–Galileia(Caparaó) (27km)
Galileia(Caparaó)
– Alto Caparaó (13 km)
Alto
Caparaó – Pico da Bandeira (15km)
Em cada etapa ficamos
hospedados em pousadas ou mesmo em casa de família, o que pode ser organizado
através de um operador local que reserva os locais (O Vitor da Rastro de Luz).
Quanto ao clima, foram
oito dias caminhando embaixo de muito sol (em outubro), bem diferente de quando
vim em dezembro quando praticamente andei debaixo de chuva todos os dias) mas
as paisagens compensaram muito.
Basicamente se anda em
estradas de terra (uns 70% do trajeto), uns 10% em estradas e cortando cidades
e uns 20% em trilhas. No caminho encontramos cacheiras, pequenos vilarejos,
muitas fazendas, etc.
Equipamento: que tipo de roupa você usou, o
que levava na mochila, quantos quilos tinha sua mochila, foi suficiente? Como
se abasteceu de água e comida?
Levei: lanterna,
mochila, um par de botas de caminhada (já amaciadas), cantil de água, roupas
leves para caminhar (duas camisetas dry-fit), uma calça e duas bermudas, três
pares de meias coolmax, três cuecas, Fleece, corta-vento, chapéu de
abas, capa de chuva, medicamentos pessoais, repelente,
protetor solar, bastão de caminhada (dois), chinelos, celular, saquinhos
de lixo para colocar roupas e tênis molhados, nécessaire. (A mochila dava uns dez
quilos).
Água é possível
abastecer nas casas ao longo do caminho e é bom levar um lanche (fruta,
sanduíche, barrinha, etc)
Qual foi o pior dia da caminhada? Por que?
O primeiro dia foi
bastante difícil, o corpo ainda não está acostumado e encontramos uma fazenda
com um pasto muito íngreme para atravessar, uma subida muito forte e o calor de
mais de 30 graus dificultou um pouco.
Qual foi o melhor dia da caminhada? Por que?
A chegada no Pico da
Bandeira, a vista é espetacular e a sensação de meta cumprida é deliciosa.
Como é a alimentação no percurso?
No trajeto não se
encontram muitos lugares para comer, a não ser nas cidades, mas comi bastante
bem e muita comida mineira. Na casa onde dormimos em Catuné fomos muito bem
recebidos com um superjantar.
O que você pensava na
caminhada?
Alguns momentos
caminhava junto com outras pessoas que andavam no mesmo passo que eu, e quase
sempre o assunto eram outros caminhos legais a se percorrer, equipamentos,
bolhas, ... E quando andava sozinho
pensava em tudo ... desde a minha cachorra que ficou em casa, nos trabalhos que
deixei ainda por terminar, na família, amigos, ... ...
Você cantou? O que cantou? Compôs?
Tinha um outro caminhante que tocava violão muito bem
(O Hugo), sempre que encontrávamos um instrumento disponível cantávamos muito,
tomando umas cervejas (mas sempre nas cidades de chegada).
Como foi a chegada ao pico?
A última subida é um
desafio à parte, extremamente íngreme mas com o facilitante de existir uma
trilha já bem demarcada. Demoramos umas quatro horas para chegar ao topo e
ficamos mais de uma hora lá olhando a paisagem.
E a volta?
Foram mais umas três
horas de descida até a tronqueira (local onde carros chegam) e aí pegamos um
jipe de retorno até a pousada. Depois disso fomos jantar para comemorar a
chegada e no dia seguinte cedo encaramos mais 12 horas de ônibus de retorno a
SP.
Essa caminhada foi preparatória a outras
jornadas?
Possivelmente em
dezembro estarei trilhando o Caminho Frei Galvão que sai de São Bento do
Sapucaí e vai até a casa de Frei Galvão em Guaratinguetá.
Nos próximos anos
quero voltar ao Caminho de Santiago fazendo outra rota, conhecer a via
Francígena, Caminho de Le Pui, e outros.
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