Eu ia deixar quieto. A caminhada de hoje foi muito
cansativa. Ainda que de meros quatro quilômetros, ocorreu sob sol forte ---até
parece que está chegando o verão. Voltei fazendo previsões terríveis sobre a
hora em que poderei voltar a correr, imaginando que não conseguirei manter o
ritmo e a distância necessários para enfrentar meu desafio.
É ocioso, porém, tentar prever o futuro. Melhor ficar no
presente, festejando o que se tem, quando se tem.
Pois os gremistas temos muito a festejar. Na noite desta
quarta-feira, sete de dezembro, o Imortal Tricolor voltou a ser campeão. As
condições foram muito especiais.
O jogo entre Grêmio e Atlético Mineiro foi a primeira
partida oficial de futebol realizada no Brasil desde o terrível acidente com o
avião que levava o time do Chapecoense para a Colômbia, onde disputaria o título
da Copa Sul-Americana.
Foi a primeira grande final do Grêmio no seu novo estádio,
a Arena Tricolor.
Deu tudo certo, e o time virou pentacampeão da Copa do
Brasil, o primeiro e o único a ostentar tantos galardões.
Tomo emprestado do grande jornalista Juca Kfouri o resumo da
ópera: “O gremista jamais esquecerá a noite de 7 de dezembro de 2016. Em seu
novo estádio, que hoje comemora quatro anos, o Tricolor gaúcho empatou 1 a 1
com o Atlético Mineiro, tornou-se o primeiro pentacampeão da Copa do Brasil,
comemorou o primeiro título na Arena Grêmio e pôs fim a 15 anos sem uma
conquista importante”.
Kfouri, que comandava a revista esportiva “Placar” quando o
Grêmio foi campeão do mundo, em 1983, foi o responsável, naquela oportunidade,
pela mais bela manchete da história da crônica futebolística: “A terra é azul!”
Na crônica de hoje, ele continua, falando sobre as condições
em que a partida foi disputada: “[O Grêmio] Jogou o tempo todo com a vantagem
que havia conquistado no Mineirão, fez 1 a 0 no fim com Bolaños e até o gol que
sofreu, também de um equatoriano, Cazares, foi histórico, porque de antes do
meio de campo”.
Juca conclui lembrando o civismo e o espírito solidário dos
jogadores: “A Copa era a do Brasil, mas a jornada foi também da Colômbia e do
Equador. Uma noite de futebol que começou com tocantes homenagens às vítimas da
tragédia com a Chapecoense, em Porto Alegre e em Curitiba, onde a Chape deveria
ter enfrentado o Atletico Nacional, terminou com uma festa gigantesca de mais
de 55 mil gremistas no estádio tomado de azul.”
Bastaria isso, mas não.
Há que lembrar que a torcida gremista também é militante das
lutas pela democracia no Brasil. Antes do jogo, torcedores tricolores ligados
ao grupo Levante Gremista se somaram a apoiadores do Atlético para,
solidariamente, gritaram: “Fora, Temer!”
Levaram painéis que tinham escudos dos dois times e, no
verso, letras formando as palavras de ordem.
Além do grito contra o golpista usurpador da cadeira da
presidenta Dilma, a torcida declarava: “Não à PEC 55”, que é a chamada proposta
de emenda constitucional “da morte”, que congela os gastos em saúde e educação
e limita os investimentos do Brasil em ciência e tecnologia.
E eu digo: salve a torcida do Grêmio!
Vamo que vamo!!!
4,51 km caminhados em 1h02min02
Quilometragem acumulada: 92,83 km
Tempo acumulado: 20h06min24
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